Como era esperado, a imensa maioria dos eleitores aprovou a anexação da república autônoma da Crimeia à Rússia num referendo considerado ilegal pelos Estados Unidos e a União Europeia. Cerca de 93% votaram a favor da união com a Rússia, indica uma pesquisa de boca de urna feita pelo Instituto de Pesquisas Políticas e Sociológicas da República da Crimeia, informou o jornal francês Le Monde. Apurados 50% dos votos, o percentual subiu para 95,5%.
Ao festejar a vitória, o primeiro-ministro regional pró-russo Serguei Axionov, eleito no fim de fevereiro, depois da ocupação do parlamento por soldados russo, anunciou a intenção de pedir anexação à Rússia amanhã.
Em Washington, a Casa Branca rejeitava o resultado, alegando que a Constituição da Ucrânia exige que todo o país vote em alterações territoriais e que os eleitores estavam sob ameaça de violência da Rússia.
Na prática, a Crimeia volta a fazer parte da Rússia, a que pertenceu até 1954, quando o então secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, o ucraniano Nikita Kruschev, deu a Crimeia à Ucrânia como presente pelos 300 anos de união com a Rússia, sem imaginar que a URSS desapareceria em 1991.
O homem-forte da Rússia, Vladimir Putin, retoma a Crimeia, como fez com as regiões da Abcásia e da Ossétia do Sul, tomadas da Geórgia em 2008. Mas perde o resto da Ucrânia, onde os russos devem continuar fomentando revoltas no Leste para atrapalhar o governo surgido da revolução do mês passado. E amedronta os vizinhos de todas as ex-repúblicas soviéticas.
Até agora, Bielorrússia e Casaquistão aderiram à União Eurasiana de Putin, uma tentativa de restaurar um pouco do poder imperial czarista-soviético e de criar um bloco econômico alternativo à UE, com que Moscou não tem como competir.
Amanhã, além de aplicar sanções à Rússia, a UE deve fechar um acordo com a Ucrânia. Os EUA também vão impor sanções.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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