A União por um Movimento Popular (UMP), de centro-direita, principal partido de oposição foi a grande vencedora do segundo turno das eleições municipais na França, realizado hoje, tomando mais de cem prefeituras do Partido Socialista, do presidente François Hollande.
A Frente Nacional, de extrema direita, conquistou onze prefeituras. Outro grupo de ultradireita, a Liga do Sul, ganhou mais três. Os socialistas mantiveram Paris.
Ao todo, a direita e a extrema direita ficaram com 572 prefeituras, contra 349 para o PS e seus aliados. Em 2008, a esquerda elegera 509 prefeitos contra 433 da direita. Não havia governos municipais de extrema direita.
Agora, a direita recebeu 45,9% dos votos, a esquerda 40,6% e a ultradireita 6,8%. A abstenção ficou em 34,8%
O partido do governo perdeu em 155 cidades de mais de 9 mil habitantes. Enquanto Anne Hidalgo se tornava a primeira mulher eleita para governar Paris, o PS perdia Toulouse, Saint-Etienne, Angers, Reims, Amien, Caen, Montpelier e Grenoble.
Em nome do governo, o primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault assumiu a responsabilidade pela derrota. Cabe ao presidente Hollande, com a popularidade baixa de apenas 19%, decidir seu futuro. Uma reforma ministerial é iminente.
As eleições municipais foram vistas como um referendo sobre o governo Hollande. É difícil para um socialista promover cortes de gastos públicos, equilibrar o orçamento, reduzir direitos sociais e fazer as reformas necessárias para recuperar a competitividade da França.
A economia francesa é mais engessada por impostos e gastos obrigatórios, provocando, por exemplo, uma fuga em massa de jovens empresários da França para o Reino Unido.
Com a crise e os resultados eleitoral, a UMP volta a se colocar como alternativa de poder na França. A dúvida é vai haver um renascimento do ex-presidente Nicolas Sarkozy. Ele ainda é o direitista mais bem cotado nas pesquisas de opinião, à frente do atual líder do partido, Jean-François Copé, que sua eleição interna questionada pelo adversário, o ex-primeiro-ministro François Fillon.
Por ironia histórica, o presidente Hollande desmonta o que construiu como líder do PS: uma ampla rede de governos municipais socialistas. Mas talvez o resultado mais significativo destas eleições municipais francesas tenha sido a ascensão da Frente Nacional.
Cada vez mais a ultradireita, que herdou parte do voto operário que um dia foi do Partido Comunista Francês, se estabelece como um grande partido no panorama político do país.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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