Dois dias depois da condenação à morte de 529 ativistas da Irmandade Muçulmana e horas depois de renunciar aos cargos de ministro da Defesa e comandante supremo das Forças Armadas, o marechal Abdel Fattah al-Sissi, líder do golpe militar de 3 de julho de 2013, anunciou sua candidatura à Presidência do Egito na eleição a ser realizada provavelmente em abril de 2014.
Mais de mil pessoas foram mortas desde o golpe contra o presidente Mohamed Mursi, o único eleito democraticamente até hoje na história do país. Pelo menos parte das condenações à morte em massa deve ser revertida, mas a dureza da sentença aponta para o rigor da era de Gamal Abdel Nasser do que sob a ditadura de Hosni Mubarak, derrubado em fevereiro de 2011.
Enquanto jornalistas da rede de televisão árabe Al Jazira são processados, as vozes dissidentes liberais e socialistas que lutaram contra Mubarak vão sendo sufocadas mais uma vez pelo ressurgimento do Estado policial.
Neste clima de violência e incerteza que vem desde a chamada Primavera Árabe, o marechal Al-Sissi surge como mais um salvador da pátria que livrou o Egito das garras do extremismo muçulmano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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