Em meio à guerrinha fria deflagrada pela anexação da Crimeia, o presidente Barack Obama atacou verbalmente a Rússia hoje, descrevendo-a como uma "potência regional" e não a potência mundial dos sonhos do homem-forte do Kremlin, Vladimir Putin. A maioria dos americanos discorda, observa o jornal The Washington Post.
Durante entrevista coletiva em Haia, ao lado do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, Obama disparou: "A Rússia é uma potência regional que está ameaçando alguns de seus vizinhos próximos não por causa de sua força, mas por causa de sua fraqueza."
O presidente americano respondia a uma pergunta provocativa sobre uma advertência feita por seu adversário republicano na eleição de 2012. Num debate, Mitt Romney advertiu que a Rússia era o inimigo estratégico número um dos Estados Unidos. Obama não deu importância, considerou uma herança do pensamento conservador do tempo da Guerra Fria.
Mas a ameaça do passado sobrevive na consciência coletiva dos EUA. Uma sondagem recente do Centro de Pesquisas Pew indicou que 26% dos americanos veem a Rússia como "adversária" e outras 43% a consideram um "problema sério". Ou seja, 69% não têm uma boa imagem do inimigo histórico da Guerra Fria.
Quando Obama chama a Rússia de potência regional, sugere que o país não tem recursos econômicos para projetar seu poderio militar para qualquer canto do planeta. A economia russa já estava estagnada e vai sofrer mais ainda com as sanções impostas pelo Ocidente.
Mas a Rússia herdou as armas nucleares da extinga União Soviética, que podem atingir o mundo inteiro, e Putin se dedica a reconstruir as forças convencionais depois da vergonhosa derrota na Primeira Guerra da Chechênia (1994-96), vendendo armas por aí afora para financiar essa modernização. Pela capacidade para criar problemas, não é uma potência para ser ignorada.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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