O parlamento regional da República Autônoma da Crimeia oficializou hoje a separação da Ucrânia para se unir à Rússia e nacionalizou todos os bens públicos que pertenciam ao Estado ucraniano. A União Europeia e os Estados Unidos anunciaram sanções contra 32 altos funcionários russos e ucranianos acusados de fomentar o separatismo.
"Todas as instituições, empresas, organizações da Ucrânia com participação da Crimeia tornam-se instituições, empresas e organizações da República da Crimeia", afirma o texto aprovado hoje. O rublo passou a ser a moeda ucraniana e o fuso-horário passou a ser o de Moscou
Em referendo realizado ontem na Crimeia, sob boicote de tártaros e ucranianos, 96,7% dos eleitores aprovaram a anexação da Rússia, um resultado típico das eleições forjadas da União Soviética. A UE e os EUA consideraram a consulta popular ilegal porque toda a população da Ucrânia deveria ter votado para aprovar alterações territoriais.
Houve várias denúncias de fraude, como o mesmo eleitor votando várias vezes, cédulas pré-marcadas. Um diplomata americano comentou que na cidade de Sebastopol, sede da Frota do Mar Negro, 123% dos eleitores votaram sim.
Neste momento, o presidente interino da Ucrânia, Olexander Turchinov, declara na televisão que os acontecimentos recentes não vão impedir a democratização do país: "Tentamos resolver a crise diplomaticamente, mas as ameaças continuam. Neste momento difícil, precisamos manter a unidade. O agressor está fazendo tudo para desestabilizar e provocar, para mostrar a fraqueza do Estado ucraniano."
A Ucrânia retirou seu embaixador de Moscou. Os ministérios da Defesa dos dois países acertaram uma trégua até 21 de março. Amanhã, em discurso no Parlamento da Rússia, o presidente Vladimir Putin deve aceitar a volta da Crimeia à Rússia, sua mais recente conspiração.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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