A Turquia está bombardeando desde ontem posições ocupadas pela milícia curda Unidades de Proteção ao Povo (YPG) no Norte da Síria, noticiou a televisão pública britânica BBC, sob a alegação de que são ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
O presidente Recep Tayyip Erdogan rompeu as negociações de paz com o PKK para ganhar as últimas eleições parlamentares na Turquia e passou a bombardear o grupo.
Seu objetivo é impedir que os curdos ocupam a região do Norte da Síria e a unam ao governo autônomo do Curdistão iraquiano. Como a maioria dos cursos vive na Turquia, um Curdistão independente reivindicaria parte do Sudeste da Turquia.
As milícias curdas se negam a deixar o território conquistado no Norte da Síria, afirmando que neste caso a região será ocupada pela organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
Até agora, os curdos foram a força terrestre mais efetiva no combate ao Estado Islâmico, que não é alvo dos bombardeios da Rússia nem da ofensiva da ditadura de Bachar Assad e seus aliados da Guarda Revolucionária do Irã e da milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).
Os ataques turcos aos curdos mostram como as ambições das diferentes potências regionais do Oriente Médio complicam as negociações sobre a paz na Síria. Em 12 de fevereiro, os Estados Unidos e a Rússia anunciaram uma trégua a ser iniciada em uma semana, mas deixaram de fora o Estado Islâmico e a Frente al-Nusra, braço armado da rede terrorista Al Caeda no conflito sírio.
A Rússia queria iniciar o cessar-fogo em 1º de março, o que daria tempo às forças leais ao regime para retomar Alepo, a cidade mais importante do país, e fortalecer sua posição de negociação. Em entrevista, Assad não manifestou a intenção de fazer quaisquer concessões. Prometeu reassumir o controle de todo o território da Síria e combater "terroristas", palavra que usa para todos os grupos rebeldes, embora o maior terrorista na guerra civil seja o próprio Assad.
No momento, a Rússia e Assad se concentram no ataque aos grupos rebeldes que participam das negociações, poupando o Estado Islâmico, com o claro objetivo de apresentar o conflito como uma luta entre o regime e os jihadistas. Durante anos, a ditadura síria foi aliada à rede terrorista Al Caeda na luta contra invasão americano no vizinho Iraque.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Turquia bombardeia milícia curda no Norte da Síria
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