Com 35,9% das urnas apuradas, o não à reeleição sem limites lidera a apuração do referendo realizado ontem na Bolívia. São 61,64% de votos contra e 38,36% a favor da proposta defendida pelo presidente Evo Morales. Pode ser a primeira derrota de Morales nas urnas em dez anos de governo.
A presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Katia Uriona, antecipando-se à divulgação oficial dos resultados, revelou hoje que apurados 72% dos votos o não lidera com 56,5% contra 42,3% para o sim, revela o boletim de notícias argentino Infobae.
Embora a Constituição da Bolívia só permita uma reeleição, Morales está no terceiro mandato. Alegou que sua primeira eleição, 2005, havia sido sob a Constituição anterior. Como sua popularidade é alta, desde já tentou garantir o direito de concorrer em 2019.
Diante da derrota iminente, o primeiro índio a governar a Bolívia não se rendeu: "Mesmo que ganhe o não, a luta continua", declarou Morales. "Vamos esperar pacientemente a palavra final do tribunal eleitoral. Somos otimistas", afirmou em entrevista coletiva no Palácio Queimado, prometendo aceitar o resultado das urnas.
A campanha do sim foi abalada por uma série de escândalos. Um jornalista revelou que Morales teve um caso há dez anos com a jovem advogada Gabriela Zapata, que na época tinha 18 anos. O casal teve em 2007 um filho que teria morrido pouco depois de nascer.
Hoje Zapata é gerente comercial de uma empresa chinesa que fez contratos de mais de US$ 500 milhões com o governo boliviano.
Na semana passada, também houve um ataque contra a prefeitura de El Alto, uma cidade-satélite de La Paz, que foi incendiada, supostamente para destruir documentos comprovando a corrupção do ex-prefeito, Edgar Patana, do Movimento ao Socialismo (MaS), o partido do presidente.
Se a derrota se confirmar, será a terceira seguida da esquerda latino-americana, depois da vitória de Mauricio Macri na Argentina e da oposição nas eleições para a Assembleia Nacional da Venezuela.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário