quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Venezuela aumenta gasolina em mais de 6.000%

A partir de 19 de fevereiro, o preço do litro da gasolina na Venezuela vai passar de 0,097 para 6 bolívares, um aumento de 6.085%. A gasolina comum sobe de 7 centavos para 1 bolívar, anunciou ontem à tarde o presidente Nicolás Maduro.

Foi o primeiro aumento dos combustíveis do regime chavista. O último havia sido em 1997, no segundo governo Rafael Caldera, antes da primeira eleição de Hugo Chávez, em 1998.

Maduro declarou que o novo preço cobrirá os custos de produção e permitirá algum ganho para o Estado venezuelano, quebrado por causa da queda de 70% nos preços internacionais do petróleo desde junho de 2014. Ele também anunciou uma desvalorização de 37% na cotação oficial do bolívar, de 6,30 para 10 bolívares por dólar, que continua muito distante da realidade.

No mercado paralelo, o dólar foi cotado ontem a 1.045,90 bolívares e o euro a 1.164,93, informa o boletim de notícias Dolar Today. Acusados pelo presidente Maduro de liderar uma "guerra econômica" contra o país, os responsáveis alegaram: "Não imprimimos dinheiro nem somos responsáveis pela política monetária." E ironizaram: "Que revolução é essa que não resiste a um sítio de Internet?"

Com recessão de 10% no ano passado e 8% prevista para este, a maior inflação do mundo, que deve chegar a 720% em 2016 pelos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), desabastecimento generalizado e a queda na arrecadação com petróleo, a Venezuela tem hoje o pior desempenho econômico do mundo. É uma economia à beira do colapso.

O último grande aumento da gasolina, em 1989, no governo Carlos Andrés Pérez, sob pressão do Fundo Monetário Internacional, provocou uma onda de protesto de rua conhecido como Caracaço em que pelo menos 276 foram mortas. A matança foi uma das razões que levou o então coronel Hugo Chávez à política. Em 1992, ele liderou um golpe fracassado contra Andrés Pérez. Anistiado pelo presidente Rafael Caldera, chegou à Presidência em 1998.

O governo venezuelano tem um pagamento de US$ 2,1 bilhões da dívida pública na próxima semana. Talvez o calote não venha agora, mas na visão do mercado é inevitável.

Nenhum comentário: