O presidente Evo Morales não terá o direito de concorrer a um quarto mandato na Bolívia. Com 98,57% dos votos apurados, o não vence o referendo sobre a reeleição sem limites com 51,52% dos votos válidos contra 48,48% para o sim. Faltando apurar cerca de 67 mil votos, o não tem uma vantagem de 154.037 votos, noticiou o diário boliviano Página Siete.
A primeira derrota de Morales em dez anos no poder num período de desenvolvimento sem precedentes na tumultuada história da Bolívia, marcada por 192 tentativas de golpe de Estado, abala a popularidade do presidente no início de seu terceiro mandato.
Morales concorreu pela terceira vez sob o argumento de que era a segunda pela nova Constituição da República Plurinacional da Bolívia, outra iniciativa de seu primeiro presidente indígena, que incorpora elementos das culturas tradicionais dos índios bolivianos.
"Não há pessoas imprescindíveis", comentou o ex-presidente Carlos Mesa, alfinetando Morales. "O truinfo do não retrata a consciência do país, que sabe que o respeito à Constituição limita o poder absoluto dos governantes.""
A vice-presidente do Movimento ao Socialismo (MAS), a deputada Concepción Ortiz, atribuiu a derrota à "soberba de alguns ministros" que teriam "criado dúvida e desconfiança".
O partido governista e seu aliado Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, falam em financiamento externo, especialmente dos Estados Unidos, de uma "guerra suja" para desestabilizar os movimentos de esquerda na América Latina.
Depois da vitoria de Mauricio Macri na Argentina e da derrota do regime chavista nas eleições parlamentares na Venezuela, é mais um golpe no neocaudilhismo latino-americano. Morales tem sido um bom presidente, que promoveu o desenvolvimento da Bolívia. Mas seu poder tem limites. Foi uma vitória da democracia sobre o autoritarismo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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