Depois de uma reunião ministerial na manhã de hoje, o primeiro-ministro David Cameron convocou um referendo para 23 de junho de 2015 para o eleitorado britânico decidir se o Reino Unido deve continuar fazendo parte da União Europeia (UE). Cinco ministros e um secretário do governo votaram contra e farão campanha para deixar o bloco europeu.
Com o acordo anunciado ontem com a UE e a convocação do referendo, a campanha está lançada. Num delírio de grandeza, uma boa parte do Partido Conservador sonha com a ilusão de um país forte, poderoso e independente fora do maior bloco comercial do mundo.
Para convencer os britânicos a permanecer na UE, Cameron negociou uma série de concessões. Os estrangeiros terão de ficar pelo menos quatro anos no Reino Unido antes de ter pleno direito a benefícios sociais como o seguro-desemprego. Se não conseguirem emprego dentro de seis meses, terão de saír do país.
O Reino Unido rejeita o princípio de "uma união cada vez maior". Promete jamais participar da uma federação europeia, nem de um Exército europeu ou do acordo de abertura das fronteiras internas. Não será obrigado a participar de resgate de países em crise na Zona do Euro, mas se reserva o direito de discordar das decisões do Grupo do Euro que afetem sua economia.
Tanto o centro financeiro de Londres quanto a indústria britânica consideram essencial a permanência na UE. A direita conservadora sonha com o poder imperial do passado. Mas, se o Reino Unido deixar a UE, é provável que a Escócia realize seu próprio referendo para deixar a Grã-Bretanha e continuar fazendo parte da Europa.
O maior império que o mundo já viu ficaria reduzido à pequena Inglaterra e ao País de Gales. Seria um declínio melancólico para um país que já foi o mais poderoso do mundo. Cameron convocou o referendo para acabar com a guerra interna do Partido Conservador sobre a Europa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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