A fábrica de papel e celulose da companhia finlandesa Botnia que deflagrou a chamada 'guerra das papeleiras' entre Argentina e Uruguai começa a funcionar dentro de um mês, anunciou hoje o governo uruguaio, provocando mal-estar na Casa Rosada.
O conflito, que já dura dois anos, teve início quando duas empresas européias decidiram instalar fábricas de papel e celulose na margem oriental do Rio Uruguai, com investimentos de US$ 2 bilhões, equivalentes a 15% do produto interno bruto uruguaio. A Argentina alegou que as indústrias trariam poluição, violando o Estatuto do Rio Uruguai.
Imediatamente, uma assembléia de moradores da cidade argentina de Gualeguaychú, que fica diante de Fray Bentos, no Uruguai, onde a Botnia fez sua fábrica, se mobilizou para tentar paralisar a obra. Uma companhia espanhola desistiu do projeto inicial e estuda a possibilidade de se instalar em outro lugar.
Em abril do ano passado, o Uruguai apelou ao Mercosul e ameaçou deixar o bloco comercial liderado por Brasil e Argentina, se não servisse de fórum para negociar o conflito. Mas o presidente argentino, Néstor Kirchner, rejeitou a mediação que o presidente Lula tentou fazer junto à presidente da Finlândia, alegando tratar-se de uma questão bilateral.
O caso chegou à Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, em Haia, na Holanda.
Nos últimos dias, os assembleístas de Gualeguaychú prometeram marchar até a Praça de Maio, onde fica a Casa Rosada, sede do governo argentino, antes da eleição presidencial de 28 de outubro, depois que notícias de que Kirchner teria admitido em Nova Iorque que a localização da fábrica da Botnia é irreversível. Depois, voltou atrás e desmentiu a notícia.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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