quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Bush admitiu que Blair ficasse fora da guerra

Na última hora, diante de um informe da Embaixada dos Estados Unidos em Londres de que o governo Tony Blair poderia cair, o presidente George Walker Bush disse ao primeiro-ministro britânico que o Reino Unido poderia não participar da invasão do Iraque. Blair declinou, alegando que seria patético, revela um novo livro sobre seu governo.

Bush recebeu o informe poucos antes da votação sobre a guerra na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico. Ficou tão preocupado que ligou pessoalmente para Blair dando-lhe a possibilidade de não ir à guerra.

Nove dias antes da votação decisiva, 139 deputados trabalhistas rebeldes ameaçavam negar a autorização para o Reino Unido entrar na Guerra do Iraque. Para surpresa da então assessora de Segurança Nacional e hoje secretária de Estado, Condoleezza Rice, Bush lhe disse que os britânicos poderiam não participar da invasão e assumir um papel menos controvertido depois.

Os diplomatas americanos ouviram de muitos deputados britânicos que não poderiam aprovar a guerra sem o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde Bush e Blair não conseguir maioria para dar um caráter legal à invasão, nos termos da Carta da ONU

No livro Blair Unbound, de Anthony Seldon, Peter Snowdon e Daniel Collings, dá o seguinte depoimento: "Lembro-me de estar no Salão Oval [da Casa Branca]. O presidente disse: 'Não podemos deixar que o governo britânico caia por causa da decisão de ir à guerra. Tenho de dizer a Tony que ele não precisa fazer isso'."

Rice sugeriu que ela ligasse para David Manning, principal assessor de Blair para política externa. Bush achou que não havia tempo. Resolveu falar pessoalmente com o primeiro-ministro britânico.

- Quero lhe dizer que minha última opção é a queda de seu governo. Não quero que isso aconteça sob quaisquer circunstâncias - disse Bush no telefone.

- Você sabe, George, qualquer que seja sua decisão, estarei com você - respondeu Blair.

A assessores, o primeiro-ministro confidenciou que recuar àquela altura seria "patético".

O livro diz ainda que o então secretário de Estado americano, Colin Powell, e o ministro do Exterior britânico, Jack Straw, tentaram convencer Blair a persuadir Bush a desistir da guerra. "No final, Blair sempre apoiava o presidente", conta Powell.

Leia mais no jornal inglês The Independent.

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