domingo, 28 de outubro de 2007

Criador defende o Consenso de Washington

Ao comentar a situação econômica argentina, o autor intelectual do chamado Consenso de Washington, o economista americano John Williamson, defendeu a disciplina fiscal e a forte acumulação de reservas pelo Banco Central como forma de enfrentar as turbulências do mercado financeiro internacional.

Em 1989, Williamson elaborou uma espécie de Dez Mandamentos. Essa receita passou a ser usada por organismos multilaterais como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial como critério de boa governança para concessão de empréstimos a países em desenvolvimento.

Seus principais pontos são:
• disciplina fiscal, o Estado não deve gastar mais do que arrecada;
• gasto público concentrado em saúde e educação;
• reforma tributária;
• taxas de juros positivas, acima da inflação;
• taxas de câmbio competitivas, para gerar saldo comercial;
• política comercial liberal;
• maior abertura ao capital estrangeiro;
• privatização de empresas públicas;
• desregulamentação;
• garantia de cumprimento dos contratos, com uma Justiça eficiente;
• e proteção à propriedade privada.

Dezoito anos depois, ele acredita que a fórmula continua válida e ainda está sendo aplicado tanto nos Estados Unidos como na América Latina.

Williamson ainda não vê indícios decisivos do impacto da crise no mercado imobiliário americano sobre a economia real: "A desaceleração nos EUA já tinha começado. Mas é bom que o Federal Reserve (banco central) injete liquidez no mercado. Também não há sinal claro de impacto nos países em desenvolvimento, com exceção dos vizinhos à Europa."

Ele vê uma América Latina dividida por "modelos de desenvolvimento" diferentes, na Venezuela, na Bolívia e no Equador, em contraste com Brasil, Chile e Peru, do outro lado, com a Argentina, sempre querendo ser diferente, no meio.

O presidente Néstor Kirchner pratica uma disciplina fiscal. É contra a privatização, controla a taxa de câmbio e os preços, proíbe exportações, por exemplo, de trigo, para evitar uma alta do preço no mercado argentino. Mas adota uma política fiscal equilibrada, que sempre balança nos anos eleitorais.

Leia a íntegra da entrevista do pai do Consenso de Washington no jornal argentino La Nación.

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