O Partido Conservador britânico festeja hoje sua melhor pesquisa eleitoral dos últimos 15 anos. Depois de uma lua-de-mel de 100 dias em que o novo primeiro-ministro Gordon Brown chegou a ter uma confortável vantagem de 11 pontos percentuais, o recuo em convocar eleições antecipadas e uma ofensiva política conservadora reverteram a situação.
Uma pesquisa divulgada hoje no jornal conservador The Sunday Telegraph dá 43% das preferências aos conservadores contra 36% para os trabalhistas e 14% para o Partido Liberal-Democrata.
Além de não convocar eleições para legitimar seu mandato, Brown está sendo acusado de roubar propostas de cortes de impostos anunciadas pela oposição.
O jovem líder conservador, David Cameron, que já estava sendo atacado pela ala mais direitista do partido, renovou suas credenciais ao atacar a União Européia, acusada pelos conservadores de querer de transformar num superestado nacional que acabaria com a soberania nacional do Reino Unido.
Cameron está cobrando a realização de um plebiscito sobre o projeto de Constituição da Europa, uma promessa do ex-primeiro-ministro Tony Blair retirada depois que a França e a Holanda votaram contra a constituição em 2005.
Blair tornou-se o mais bem-sucedido líder trabalhista britânico da História ao vencer as últimas três eleições nacionais no Reino Unido. Em 1997, conquistou uma ampla vitória, acabando com 18 anos de conservadorismo iniciado por três vitórias conservadoras sob a liderança de Margaret Thatcher (1979-1990).
Seu apoio incondicional ao presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush, na guerra do Iraque, extremamente impopular na Grã-Bretanha, levou a uma perda de cerca de 100 cadeiras na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico nas eleições de 2005. Foi uma vitória com gosto de derrota.
Desde então, aumentou a pressão pela renúncia de Blair, que deixou a liderança do governo e da chefia do partido em junho.
Pelo sistema eleitoral britânico, o novo líder do partido majoritário ascendeu ao cargo de primeiro-ministro sem necessidade de novas eleições. Brown é mais duro, menos carismático e menos midiático do que Blair. Por isso, perdeu a disputa pela liderança do partido em 1994.
Assim, só agora conseguiu realizar o sonho de sua vida: governar a Grã-Bretanha. Precisa agora reafirmar sua liderança e tentar recuperar a iniciativa política, que, de acordo com as pesquisas, passou para a oposição.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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