O total de soldados americanos e civis iraquianos mortos na Guerra do Iraque diminuiu significativamente nos últimos meses, mas o comando militar dos Estados Unidos reluta em afirmar que seja um declínio consistente e definitivo.
Em outubro, 37 soldados dos EUA foram mortos no Iraque, o menor número desde março de 2006, quando morreram 31 militares americanos no país ocupado. O total de civis iraquianos mortos caiu de 1.990 em janeiro para 844 em setembro.
As execuções bárbaras também diminuíram. O número de corpos mutilados de pessoas torturadas até a morte recolhidos nas ruas de Bagdá baixou de 428 em agosto para 301 em setembro e 151 até agora em outubro.
Tanto o governo do Iraque quanto os EUA atribuíram a queda na mortandade como um sinal do sucesso da nova estratégia anunciada em janeiro pelo presidente George Walker Bush. As principais razões da redução da violência são três:
• o reforço de 30 mil soldados americanos para aumentar a segurança em Bagdá e nas províncias sunitas rebeldes de Ambar e Diala;
• a trégua do Exército Mehdi, a milícia xiita controlada pelo aiatolá radical Muktada al-Sader, que seria responsável por atrocidades contra os sunitas e milícias xiitas rivais; e
• a derrota da Al Caeda no Iraque, com o apoio líderes sunitas locais que não querem o terrorismo dos jihadistas seguidores de Ossama ben Laden na sua comunidade.
"Estamos quase lá", declarou o subcomandante militar americano no Iraque, general Raymond Odierno. "Estamos em vantagem mas ainda não sei se é irreversível".
Com maior apoio dos EUA, a polícia e o Exército do Iraque estariam melhorando seu desempenho. Mas o deputado sunita Saleh Mutlak, um dos maiores críticos do primeiro-ministro Nuri al-Maliki, alerta que a segurança pode se deteriorar de novo: "Está melhorando mas minha sensação é que essa melhora é temporária por causa da maior concentração de forças dos EUA e do Iraque".
Mutlak também não acredita que al Caeda esteja vencida: "Al Caeda é muito forte. Está mais fraca em algumas regiões, mas esta fraqueza reflete a consciência do povo iraquiano, especialmente os sunitas, de que al Caeda não é boa para eles."
O deputado sunita atribuiu a melhora da segurança no Iraque "especialmente à resistência, que percebeu que é mais importante lugar contra a presença de iranianos no Iraque do que combater os americanos".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário