domingo, 21 de outubro de 2007

Rebeldes curdos matam 12 soldados turcos

Em um choque que aumenta a tensão na fronteira norte do Iraque, guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) atacaram soldados da Turquia. Pelo menos 12 soldados e 23 rebeldes foram mortos, informou o Exército turco.

Na semana passada, o Parlamento da Turquia autorizou o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan a invadir o Norte do Iraque para atacar bases do PKK, que luta desde 1984 pelo independência do Curdistão. O governo dos Estados Unidos pediu moderação aos turcos, temendo que um ataque desestabilize o Curdistão iraquiano, única região estável do Iraque.

Com mais de 40 milhões de pessoas, os curdos são o maior povo do mundo que não tem um Estado Nacional. Vivem na Turquia, no Irã, no Iraque e na Síria. No fim da Primeiro Guerra Mundial, em que os curdos lutaram ao lado da França, da Grã-Bretanha e da Rússia contra o Império Otomano, aliado da Alemanha e da Áustria-Hungria, eles receberam a promessa de que teriam seu país.

Mas, ao redesenhar o mapa político do Oriente Médio no pós-guerra, o então subsecretário para o Oriente Médio do governo britânico, Winston Churchill, enterrou a promessa de criar o Curdistão ao juntar a província curda de Kirkuk, rica em petróleo, às províncias de Bagdá e Bássora para criar um Iraque suficientemente forte para conter o Irã.

A questão curda está viva até hoje. Na Turquia, há um conflito permanente entre o Exército nacionalista e grupos radicais como o PKK.

No Iraque, os curdos foram os maiores aliados dos EUA na invasão do Iraque. Os xiitas sempre duvidiram das reais intenções do governo Bush. E os sunitas foram os grandes perdedores porque eram o núcleo do poder desde que o que hoje é o Iraque passou para o domínio do Império Otomano, em 1638.

Por isso, o Norte do Iraque é a região mais tranqüila do país.

Quanto à Turquia, ao que tudo indica se dá o direito de atacar se de lá partirem ações armadas contra seu território. Uma incursão mais firme e decidida certamente mereceria o repúdio da União Européia, complicando as negociações de acesso da Turquia. Seria mais um pretexto para quem é contra o ingresso dos turcos na casa comum européia.

Para os EUA, a Turquia é um aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e um país-chave no relacionamento com o mundo islâmico. É uma arena importante para vencer o debate de idéias entre o iluminismo liberal e os fundamentalistas muçulmanos.

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