sábado, 13 de outubro de 2007

"Os antidepressivos derrotaram a psicoterapia"

Na era dos medicamentos antidepressivos, a psicoterapia perdeu o charme que tinha desde os anos 60, mas isso pode encobrir os verdadeiros sintomas da doença.

"O Prozac e as drogas antidepressivas destronram a psicoterapia de sua posição de poder. Houve gente que não melhorou com anos de psicoterapia e que melhorou com duas semanas de Prozac", afirmou o psiquiatra Nassir Ghaemi, professor de psiquiatria e saúde pública da Universidade Emory, nos Estados Unidos, ao participar da 25ª Jornada Argentina de Psiquiatria. Seu tema, na conferência realizada na Universidade Favarolo, em Buenos Aires, era A Vida na Era do Prozac.

Em entrevista ao jornal argentino La Nación, o dr. Ghaemi comentou: "Os antidepressivos não melhoraram só a depressão, melhoraram a vida cotidiana de uma forma mais profunda. Daí que haja muita pressão social para usar pílulas para melhorar os problemas da vida da gente."

Assim, os médicos passaram a receitar automaticamente: "Devemos dar antidepressivos quando alguém tem sintomas de depressão, ansiolíticos se estiver ansioso ou hipnóticos se tiver problemas para dormir. É um erro dar fármacos somente por causa dos sintomas."

Isso não só reduz a investigação sobre as causas profundas da doença como estimula a automedicação. Se o paciente está certo de que o médico vai lhe receitar determinado medicamento, por que se incomodaria de ir até o consultório e pagar uma consulta?

Para o professor Nassir Ghaemi, "o Prozac é um símbolo do impacto da psicofarmacologia na cultura, tão grande quanto foi o da psicanálise no passado. Estes fármacos afetam a mente e podem criar um hedonismo farmacológico. Isso não é muito discutido entre os filósofos que querem falar muito de psicanálise, mas não sobre como os fármacos mudaram nossas vidas".

Ele defende "um uso mais científico dos fármacos" para uma medicina preventiva.

Com o aumento da longevidade, "temos cada vez mais problemas de demência e ao mesmo tempo há estudos que indicam ser possível que uma dose baixa de lítio seja capaz de prevenir a demência. Seria o caso de perguntar se, assim como adicionamos fluor à água para beneficiar os dentes, não deveríamos acrescentar ou pouco de lítio para reduzir o risco de demência".

Estudos recentes indicam que o lítio protege os neurônios, mas as doses necessárias para combater o chamado transtorno bipolar, antes chamado de depressão maníaca, chegam perto dos limites da intoxicação.

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