Mesmo para os baixos padrões de moralidade política da América Latina, a eleição presidencial deste domingo no Paraguai é um escândalo, observa o jornal esquerdista britânico The Guardian.
O favorito é Horacio Cartes, do conservador Partido Colorado, que governou o Paraguai por 61 anos, um homofóbico que já foi preso por fraude cambial, é investigado por evasão de impostos e acusado de envolvimento com o tráfico de drogas.
Seu maior adversário é Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico, de centro-direita, acusado de usar milhões de dólares de fundos públicos para comprar aliados políticos e ter alguma chance amanhã.
Uma vitória de Cartes representará tudo o que o Paraguai tem de pior, uma classe política corrupta ligada à criminalidade.
Alegre o descreve como "a expressão máxima do modelo do contrabando, da máfia e pirataria". Mas também não é limpo. O governo comprou uma fazenda do pai do presidente do Congresso, Jorge Oviedo, por US$ 11,5 milhões para selar a aliança que o apoia.
Com o escândalo, Oviedo renunciou à Presidência dos Congresso. Alegre herdou os votos do general golpista Lino Oviedo, que morreu durante a campanha
"Não há ninguém limpo no Paraguai", admite um eleitor envergonhado.
O PLRA governo o país em aliança com os colorados desde o impeachment do presidente Fernando Lugo no ano passado. Como dava o vice de Lugo, ocupa a Presidência, o que lhe permitiu usar dinheiro público na campanha.
Em entrevista ao sítio Terra, Alegre considerou o impeachment de Lugo inevitável. Pois sim. Como disse Clovis Rossi na Folha nove meses atrás, foi uma jogada dos grandes partidos para usar a máquina e os recursos do governo na campanha.
Assim, caiu o primeiro e único governo de esquerda da História do Paraguai. O saque dos recursos públicos para uso privado por uma elite autoritária e corrupta continua. Amanhã, será eleito mais um príncipe da corrupção.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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