Em uma disputa apertada, o presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, venceu o governador Henrique Capriles por 7,5 milhões de votos (50,66%) a 7,27 milhões (49,07%) com uma vantagem de cerca de 234 mil votos, muito menos do que os nove pontos percentuais apontados pelas pesquisas de opinião, para completar o mandado do falecido presidente Hugo Chávez até 2019.
Capriles pediu uma auditoria de 100% dos votos. Em princípio, o candidato chavista aceitou.
Maduro foi indicado como sucessor pelo então presidente Chávez em dezembro de 2012, quando o comandante foi para Cuba para se submeter à quarta cirurgia para combater um câncer abdominal.
Motorista de ônibus, Maduro entrou na política como sindicalista. Aderiu ao chavismo quando o caudilho estava preso por causa da tentativa golpe de 1992. Quando Chávez chegou ao poder, em 1999, candidatou-se à Assembleia Nacional Constituinte e ajudou a fazer a Constituição da República Bolivarista da Venezuela.
Em 2005, Maduro foi eleito presidente da Assembleia Nacional. Como ministro do Exterior, foi acusado de pressionar as Forças Armadas do Paraguai a rejeitar o impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, no ano passado.
Depois da eleição presidencial de outubro passado, foi nomeado vice-presidente por Chávez. Desde dezembro, ele governa o país, primeiro como vice e depois da morte de Chávez, em 5 de março de 2013, como presidente interino.
Essa tomada do poder foi avalizada pelo Tribunal Supremo da Venezuela, contrariando a própria Constituição Bolivarista, que previa a transferência do governo para o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, um rival natural de Maduro na disputa da liderança do chavismo pós-Chávez.
Ao lançar sua candidatura, Maduro declarou: "Não sou Chávez, mas sou filho dele". Na campanha, chegou a dizer que um passarinho voara a seu redor para lhe dar inspiração e que mal Chávez chegara ao céu já tinham eleito um papa latino-americano.
Ele não tem o carisma nem a inteligência nem a formação de Chávez. Sem uma vitória expressiva, sob suspeitas de fraude, sua autoridade fica abalada. A Venezuela enfrenta uma situação econômica difícil, com inflação de quase 30% ao ano, desabatecimento e alto índice de homicídios. O governo não será fácil para maduro. Há muito mais turbulência pela frente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário