O ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão do ex-presidente George Walker Bush (2001-9) é sempre citado como possível candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos. Mas, desta vez, o ataque veio do próprio clã.
Em entrevista ao telejornal Today, da rede de televisão americana NBC, talvez traumatizada pelas ferozes críticas ao governo do filho mais velho, considerado um dos piores presidentes da História dos EUA por causa das guerras e da crise econômica, a mãe, Barbara Bush, deixou claro. Não quer ver outro filho no fogo cruzado de repórteres e comentaristas.
"Ele é de longe o mais qualificado, mas... não. Não quero", desabafou a matriarca da família, casada com o ex-presidente George Herbert Walker Bush (1989-93). "Penso que este é um grande país, onde há muitas grandes famílias, não são só quatro famílias. Há várias pessoas muito qualificadas aí fora. Já tivemos Bushes suficientes."
Com pai e filho presidentes, a família Bush é uma das maiores dinastias políticas dos EUA. Não tem o charme dos Kennedy, que tinham status de família real num país republicano. Eles só ocuparam a Casa Branca no curto governo de John Kennedy (1961-63), abortado pelo assassinato em Dallas, no Texas, em 22 de novembro de 1963.
Quando Robert Kennedy foi assassinado, em 5 de junho de 1968, no dia em que garantiu sua candidatura à Casa Branca pelo Partido Democrata com a vitória praticamente garantida, a dinastia ficou marcada pela tragédia.
Restou o irmão mais moço, Edward Kennedy. Responsável pela morte da secretária Mary Jo Kopechne, com quem tinha um caso, em 18 de julho de 1969, num acidente de trânsito em que provavelmente estava alcoolizado, Ted nunca chegaria à Casa Branca. Mas foi até a morte, em 2009, um dos principais senadores dos EUA.
Se o alvo direto de Barbara Bush é o filho, pode atingir também o neto. George Bush III, filho de Jeb com mãe de origem latino-americana, fala um espanhol impecável, uma credencial importante para o Partido Republicano. O presidente Barack Obama recebeu 73% do voto latino na última eleição.
A oposição republicana precisa do voto latino para retomar o poder. O eleitorado branco de classe média conservador só não basta. Em breve, por exemplo, o perfil do eleitor texano vai mudar porque os latinos têm mais filhos.
Como os democratas ganham na Califórnia e em Nova York, se levarem também o Texas, será difícil derrotá-los no Colégio Eleitoral que elege o presidente dos EUA.
O veto de Barbara não deve ser tão extenso assim. Talvez os Bush ainda tenham papel a desempenhar na política americana.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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