Depois que os Estados Unidos declararam ontem ter fortes indícios de que a ditadura de Bachar Assad usou armas químicas na guerra civil na Síria, os rebeldes que lutam há dois anos contra o regime pediram hoje à sociedade internacional que crie uma zona de proibição de voo para impedir o governo de fazer ataques aéreos.
O apelo foi feito porque o presidente Barack Obama advertiu Assad várias vezes de que o uso ou movimento de armas de destruição em massa seria um sinal vermelho. Se o regime sírio o cruzasse, estaria sujeito a uma intervenção militar internacional.
Cauteloso para não ser comparado ao governo George W. Bush, que alegou que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa para invadir o Iraque há dez anos com consequências desastrosas, o governo Obama pediu às Nações Unidas que investiguem a denúncia. Os EUA citam pelo menos dois casos, em Alepo e Homs, a segunda e a terceira maiores cidades da Síria.
A confirmação da denúncia encaminharia a questão para o Conselho de Segurança da ONU, única instituição com poder legal para autorizar o uso da força nas relações internacionais.
Para a revista inglesa The Economist, mais do que um sinal de cautela, a hesitação de Obama indica relutância em se envolver em novo conflito armado no Oriente Médio. Se os EUA estão ameaçando usar a força para obrigar o Irã a abrir mão de armas nucleares, não seria o caso de vacilar diante da Síria. A credibilidade da ameaça seria abalada.
Em dois anos, a revolta inicialmente pacífica inspirada pela Primavera Árabe degenerou na mais violenta e brutal guerra civil em andamento hoje no mundo. A Alemanha já teme a volta para a casa de veteranos de guerra embrutecidos e radicalizados pelo conflito, revela a revista Der Spiegel.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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