segunda-feira, 22 de abril de 2013

EUA vendem US$ 10 bilhões em armas ao Oriente Médio

Três importantes aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio - Israel, Arábia Saudita e Emiradores Árabes Unidos - devem fechar acordos nesta semana para comprar armas e equipamentos militares americanos no valor de US$ 10 bilhões, reforçando-se para enfrentar a ameaça do programa nuclear do Irã.

Os negócios são anunciados depois de mais um fracasso nas negociações entre a República Islâmica do Irã e as cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas (EUA, China, Rússia, França e Reino Unido) e Alemanha.

Nos últimos meses, o regime fundamentalista iraniano avançou no desenvolvimento e na instalação de novas centrífugas IR-2m, com uma capacidade de enriquecer urânio duas a cinco vezes maior do que as centrífugas IR-1. O chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, Fereydoon Abassi Davani, declarou que talvez o Irã tenha de enriquecer urânio a um teor superior a 20%.

Para uso em usinas nucleares de produção de energia, basta um teor de 5%. O teor de 20% é usado em reatores de pesquisas médicas. Uma bomba atômica exige teores acima de 90%. A república dos aiatolás aparentemente ainda não chegou lá. Mas a cada novo limite ultrapassado, aumenta o temor no Oriente Médio e no mundo de um Irã com armas nucleares.

Se for atacado militarmente pelos EUA ou Israel, o Irã pode retaliar alvejando os campos de exploração de petróleo dos países vizinhos aliados de Washington. Para se proteger, os EAU estão comprando 26 aviões caças-bombardeiros F-16 Falcão do Deserto e munição teleguiada de precisão a longa distância.

Tanto os Emirados quanto a Arábia Saudita poderiam usar esse tipo de munição para contra-atacar o Irã sem serem detectados pelas defesas antiaéreas iranianas.

Israel vai receber dos EUA aviões capazes de reabastecer seus caças e bombardeiros no ar. Para atacar os Irã, as aeronaves israelenses terão de voar mais de 2,5 mil quilômetros, o que exige reabastecimento no ar. A Força Aérea de Israel tem esse tipo de aparelho. Deve comprar uma quantidade não especificada de KC-135 Stratotankers.

Cada avião-tanque é capaz de reabastecer de quatro e oito aviões de combate. Isso permitiria a Israel usar um número maior de aviões num ataque contra as instalações nucleares iranianas, garantindo a superioridade aérea.

Os EUA também devem vender a Israel mísseis antirradiação ar-terra AGM-88 Harm, mais aptos a destruir as defesas antiaéreas do Irã do que os mísseis AGM-78 de que dispõe atualmente.

Nem todas essas armas garantem o sucesso de bombardeios aéreos para neutralizar o programa nuclear iraniano. Haveria poucas informações de inteligência para identificar os alvos. Alguns, como a instalação nuclear subterrânea de Fordow, onde o Irã estaria enriquecendo urânio a 20%, não seriam destruídos. Para isso, Israel precisaria usar bombas nucleares táticas, capazes de penetrar na rocha e destruir fortalezas subterrâneas. Esta arma não está no pacote, reporta o jornal The New York Times.

Uma ameaça iraniana é fechar o Estreito de Ormuz, na saída do Golfo Pérsico, por onde passam 40% do petróleo exportado no mundo inteiro. Neste caso, os EUA teriam de intervir. Por isso, até agora Washington tenta conter o primeiro-ministro linha-dura israelense, Benjamin Netanyahu, que gostaria de atacar o quanto antes para evitar que o Irã faça a bomba atômica.

O presidente Barack Obama, eleito com a promessa de acabar com as guerras no Afeganistão e no Iraque, reluta em envolver os EUA numa nova guerra no Oriente Médio, mas mantém o "compromisso inabalável" do país com a segurança de Israel. Quer dar mais tempo à diplomacia, que até agora não funcionou. Ao vender armas a vizinhos do Irã, reafirma a possibilidade de uso da força.

Nenhum comentário: