segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Derrota republicana marca fim da era Bush

Com a aplastante derrota que tirou do Partido Republicano a maioria na Câmara e no Senado dos Estados Unidos, conquistada há 12 anos, começa o fim da era Bush, de triste memória. É marcada pelos atentados de 11 de setembro de 2001, pela desastrada invasão do Iraque, pela doutrina de guerras preventivas, pela erosão dos direitos humanos no combate ao terrorismo, por um aumento impressionante do antiamericanismo em quase todo o mundo mundo e pelo avanço da direita religiosa.

Sob o impacto da crise no Iraque, dos escândalos de corrupção e até sexuais, o Partido Republicano teve em 7 de novembro sua pior eleição para a Câmara dos Representantes desde 1982. Elegeu 196 deputados, contra 229 democratas.

A oposição precisava de um ganho de 15 cadeiras para reassumir o controle da Câmara. Todas as pesquisas previsam que conseguiria.

No Senado, era mais difícil ainda o desafio democrata. Estavam em jogo apenas 33 das 100 cadeiras. A oposição precisava manter todas as suas cadeiras e conquistar mais seis.

Só na manhã do dia 8 foi definida a eleição para o Senado em Montana com a vitória do democrata Jon Tester sobre o senador Conrad Burns. Na noite do mesmo dia, o senador George Allen prometeu não exigir a recontagem a que teria direito na Virgínia por ter sido derrotado por James Webb por menos de 1% do total de votos.

Com 51 a 49, os democratas conquistaram também a maioria no Senado. Dominarão assim as mesas diretoras, as comissões, a pauta e a agenda do Legislativo. O presidente George Walker Bush passa a ser um “pato manco”, um político em fim de mandato, sem força para impor seus projetos, na definição da revista inglesa The Economist, “o incrível presidente que encolheu”.

Resultados imediatos: caiu o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, assumindo a responsabilidade pelo fracasso na ocupação do Iraque, e Bush recebeu na Casa Branca a deputada democrata californiana Nancy Pelosi, que será a próxima presidente da Câmara. Desde já, é a mulher mais poderosa do país, fazendo sombra à senadora Hillary Clinton, reeleita por Nova Iorque e aspirante à presidência.

A derrota do atual presidente e suas políticas deflagram a sucessão presidencial para 2008. Bush não será um grande cabo eleitoral. Do lado republicano, o favorito hoje é o senador John McCain, um veterano que esteve anos preso no Vietnã e combateu vigorosamente a prática da tortura no combate ao terrorismo.

Outros aspirantes republicanos são o ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani, que posou de presidente enquanto Bush se escondia em 11 de setembro de 2001, e o atual líder da maioria no Senado, Bill Frist, que não concorreu à reeleição.

Entre os democratas, além da ex-primeira-dama Hillary Clinton, a estrela é o senador Barack Obama, filho de imigrantes quenianos. Correndo por fora, o ex-vice-presidente Al Gore, em campanha ecológica contra o aquecimento global, um dos temas negligenciados na era Bush, e o senador John Kerry, o candidato derrotado por Bush em 2004.

Leia a íntegra na minha coluna de política internacional em http://www.baguete.com.br

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