O Departamento da Defesa dos Estados Unidos discute três opções para tirar os soldados americanos da guerra que provocaram no Iraque, revelou hoje o jornal The Washington Post: enviar reforços para acelerar a saída, reduzir o efetivo e ficar no Iraque por um longo tempo, e retirar-se.
Durante visita à Indonésia, maior país muçulmano do mundo, onde foi hostilizado por manifestantes, o presidente George W. Bush declarou ainda não ter tomada uma posição quanto ao número de tropas necessário para a vitória no Iraque.
Ontem, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger considerou uma vitória impossível sem o envolvimento dos países vizinhos, inclusive o Irã, com quem Bush oficialmente se recusa a conversar. Mas a visita do presidente iraquiano, Jalal Talabani, a Teerã, anunciada hoje, é uma abertura de diálogo com o Irã para pacificar o Iraque.
A última opção, Vá para Casa (Go Home), no jargão dos estrategistas americanos, é considerada inviável. Deixaria o Iraque em guerra civil, com conseqüências desastrosas que poderiam levar a novas intervenções militares americanas, como advertiu ontem o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, em entrevista à televisão britânica BBC.
A primeira opção Vá Grande (Go Big), enfrentar militarmente a insurgência contra o novo regime e o terrorismo internacional infiltrado no Iraque com uma força superior, exigiria centenas de milhares de soldados americanos ou iraquianos a mais, e uma polícia iraquiana fortemente armada, diz o Post.
O estudo, coordenado pelos coronéis H. R. McMaster e Peter Mansoor, do Exército dos EUA, e Thomas C. Greenwood, do Corpo de Fuzileiros Navais, opta por uma mistura entre a segunda opção, Vá por Muito Tempo (Go Long), e a primeira.
Haveria uma reforço temporário de 20 a 30 mil soldados para tentar controlar sobretudo a violência sectária entre sunitas e xiitas, que desde fevereiro deixa o Iraque à beira de uma guerra civil.
Ao mesmo tempo, haveria uma indicação clara para o governo e a sociedade iraquianos de que os EUA têm um compromisso de longo prazo com o novo regime do Iraque mas não querem se envolver nos conflitos internos que provocaram.
Esta alternativa é chamada de Vá Grande por Pouco Tempo Enquanto faz a Transição para Longo Tempo (Go Short While Transitioning to Go Long). Depois de uma ofensiva contra a insurgência, o terrorismo e a violência, os EUA reduziriam seu contingente para cercad de 60 mil soldados.
Há o temor de que esta opção não dê certo se os iraquianos a virem como um passo comparado ao estilo de dança de Michael Jackson, dar alguns passos para a frente para na verdade ir para trás logo em seguida.
Fundamental é agir com urgência para controlar a violência que está minando a autoridade do governo iraquiano, com uma média de cem mortes por dia.
O problema de uma retirada, mesmo parcial, é que reforça a percepção da rede Al Caeda (A Base) de que se conseguirem matar muitos americanos, como os EUA são uma democracia, a opinião pública vai exigir a volta das tropas para casa.
Na semana passada, em depoimento no Congresso, o comandante dos EUA para o Oriente Médio, general John Abizaid, advertiu que uma retirada imediata, como quer a oposição democrata, agora maioria na Câmara e no Senado, só agravaria a situação de violência no Iraque.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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