O líder neofascista Jean-Marie Le Pen, da Frente Nacional, tem 17% das intenções de voto para a eleição presidencial do ano que vem na França, repetindo seu desempenho em 2002, quando surpreendentemente chegou ao segundo turno, provocando um terremoto na política francesa.
Em pesquisa divulgada ontem pelo jornal Le Monde, Le Pen aparece em terceiro lugar, atrás da candidata socialista Ségolène Royal, a grande sensação eleitoral francesa, e do ministro do Interior, Nicolás Sarkozy, provável candidato da direita.
Mas é improvável que Le Pen chegue ao segundo turno mais uma vez. Em 2002, o eleitorado de esquerda estava insatisfeito com o então primeiro-ministro socialista Lionel Jospin, que governava em coabitação com o presidente conservador Jacques Chirac.
Jospin tomara medidas impopulares para controlar o déficit orçamentário e a dívida pública, desagradando a esquerda francesa. Num voto de protesto, 11% votaram em candidatos de extrema esquerda, na certeza de que estariam com Jospin no segundo turno. Em 21 de abril de 2002, num dia tristemente histórico para a França, pela primeira vez um neofascista que nega a ocorrência do Holocausto, chegava ao segundo turno.
Resultado: a esquerda foi obrigada a tapar no nariz e votar em Chirac, um líder corrupto e conservador. Le Pen, que conseguira pouco menos de 17% dos votos no primeiro turno, mal passou de 18%. Mas o estrago estava feito.
Agora, será diferente. O Partido Socialista escolheu uma candidata para ganhar, mesmo que algumas correntes a considerem liberal demais. Ségolène Royal pode ser a primeira mulher a chegar à Presidência da França.
Do outro lado, Sarkozy é um ministro do Interior linha-dura que dá ênfase à segurança pública, com um discurso para roubar votos da Frente Nacional. Mas, no momento, Le Pen mantém o desempenho de 2002.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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