Com mais de 200 mortos num só atentado deflagrando novas rodadas de vinganças de parte a parte entre sunitas e xiitas, a dúvida é se o Iraque está à beira de uma guerra civil ou se já está mergulhado nela.
É uma questão de conceito, diz Edward Wong no New York Times de hoje.
Para a maioria dos acadêmicos americanos, há dois critérios. É preciso haver pelo menos dois grupos do mesmo país lutando pelo controle do Estado, para tornar uma parte do país independente ou para provocar uma grande mudança política. O segundo critério é pelo menos mil mortes, sendo pelo menos 100 de cada lado.
Por esta definição, inequivocamente, o Iraque está em guerra civil.
Com pelo menos 50 mil civis mortos desde a invasão americana de março de 2003, a guerra civil iraquiana seria comparável às da Bósnia-Herzegovina e do Burúndi, na opinião da James Fearon e David Laitin, da Universidade de Stanford.
Mas o historiadoriador militar inglês, John Keegan, editor de defesa do jornal britânico The Daily Telegraph, discorda. Ele entende que os dois grupos precisam de líderes com objetivo claro de tomar o poder do Estado, que se enfrentem em batalhas e tenham seus próprios uniformes e bandeiras. Neste sentido, o Iraque ainda não estaria em guerra civil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário