Em declaração divulgada após sua morte, o ex-agente secreto russo Alexander Litvinenko acusou o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele foi envenenado em 1 de novembro no estilo da Guerra Fria, durante encontro num restaurante japonês de Londres com um contato que lhe prometeu informações incriminando o governo russo pelo assassinato, em outubro, da jornalista Anna Politkovskaya, crítica feroz da atuação das Forças Armadas da Rússia na república rebelde da Chechênia.
A substância usada ainda não foi identificada. A polícia britânica investiga a presença de radioatividade no corpo do ex-espião. Foi encontrada grande quantidade de radiação alfa. O material radioativo era Polônio-210.
No final da nota, depois de agradecer aos britânicos pelas mensagens de apoio e de se declarar orgulhoso por ter se tornado cidadão do Reino Unido, Litvinenko dirigiu-se ao dirigente russo. Antes de se tornar primeiro-ministro e presidente, Putin chefiava o Escritório Federal de Segurança (FSB, do inglês), sucessor do KGB (Comitê de Defesa do Estado), a temida polícia política da extinta União Soviética.
"Você pode ter sucesso em me silenciar mas este silêncio vem com um preço", denunciou Litvinenko. "Você mostrou ser bárbaro e inescrupuloso como seus críticos mais hostis alegam.
"Você mostrou não ter respeito pela vida, pela liberdade e por qualquer valor civilizado. Você se mostrou indigno do cargo que ocupa, indigno da confiança de homens e mulheres civilizados.
"Você pode ter sucesso em silenciar um homem mas o grito de protesto vai reverberar ao redor do mundo, Sr. Putin, em seus ouvidos pelo resto da vida.
"Que Deus o perdoe pelo que tem feito, não apenas para mim mas para a Rússia amada e seu povo."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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Um comentário:
O governo russo só tinha a perder com a morte de Litvinenko.
Desenvolvi o tema aqui
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