terça-feira, 21 de novembro de 2006

Ministro anti-Síria é assassinado no Líbano

Um feroz crítico da interferência síria no Líbano, o ministro cristão Pierre Gemayel, filho do ex-presidente Amin Gemayel, foi assassinado hoje perto de Beirute. Pistoleiros jogaram seu carro contra o de Gemayel, desceram e fuzilaram o carro do ministro. Ele foi levado para o hospital mas morreu pouco depois.

Através de seu embaixador nas Nações Unidas, John Bolton, os Estados Unidos denunciaram o assassinato como um ato terrorista organizado pela Síria. A ONU deveria aprovar hoje a criação de um tribunal especial para julgar os suspeitos da morte do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, assassinado em 14 de fevereiro de 2005 por um atentado com carro-bomba.

O assassinato agrava a tensão no Líbano, onde a milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus), apoiada pela Síria e pelo Irã, tenta derrubar o governo pró-ocidental, que acaba de concordar com o julgamento dos suspeitos de Hariri num tribunal da ONU. Há agentes sírios entre os suspeitos.

"Acredito que a mão da Síria está por trás disso", declarou o deputado Saad Hariri, filho do primeiro-ministro assassinado. Mas a agência oficial síria "condenou firmemente o assassinato".

Gemayel, de 34 anos, era ministro da Indústria e membro do Partido Falangista Cristão, fundado por seu avô. Era deputado, tendo sido eleito em 2000 e reeleito em 2005. Seu tio, Bashir Gemayel, foi assassinado em 1982, depois da invasão isralense ao Líbano.

Como os seis ministros xiitas pediram demissão, com a morte de Gemayel, a demissão ou morte de mais dois ministros derrubará o governo do primeiro-ministro Fouad Siniora.

Depois da morte de Hariri, uma onda de manifestações de massa liderada por cristãos libaneses forçou a retirada das tropas sírias, que estavam no Líbano desde 1976, no início da guerra civil libanesa (1975-90).

Agora, tudo aponta para a culpabilidade dos serviços secretos sírios, que são vários e competem entre si, como disse a este blog um embaixador aposentado que representou o Brasil no Líbano durante os piores anos da guerra civil. O temor é que o aumento da radicalização provoque uma nova guerra civil no Líbano, que nos anos 60 era chamado de "Suíça do Mediterrâneo".

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