Um dos economista mais influentes do século 20, o americano Milton Friedman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1976, morreu do coração hoje aos 94 anos em São Francisco da Califórnia, nos Estados Unidos.
Guru e fundador, em 1948, da Escola de Chicago e do monetarismo, Friedman defendia a redução do papel do Estado na economia, com cortes nos impostos e nos gastos públicos, e menos regulamentação, para liberar as forças do setor privado, na sua opinião muito mais eficiente do que o setor público.
Suas idéias foram a base da revolução neoconservadora impulsionada pelos governos Margaret Thatcher (1979-1990), no Reino Unido, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos, e por ditadores latino-americanos como o general Augusto Pinochet, no Chile.
Sob Thatcher, a Grã-Bretanha se tornou um laboratório para as idéias de Friedman. A economia britânica voltou a crescer. Hoje é a quinta do mundo. Mas o desemprego chegou a níveis antes considerados inaceitáveis e o país se desindustrializou. O legado da era Thatcher ainda é ferozmente discutido.
"Milton Friedman reviveu a economia da liberdade quando ela estava quase esquecida. Era um combatente intelectual pela liberdade. Nunca houve um praticamente menos sombrio da 'ciência sombria' (economia)", declarou Thatcher em nota distribuída à imprensa.
Libertário, era a favor da legalização das drogas para que a sociedade e cada indivíduo assumisse a responsabilidade pelos seus atos, com menos interferência do Estado no que considerava uma questão privada.
Em Capitalismo e Liberdade, escreveu: "A liberdade política significa a ausência de coerção de um homem por seu semelhante. A ameaça fundamental à liberdade é o poder de coagir, esteja nas mãos de um monarca, ditador, uma oligarquia ou uma maioria momentânea. A preservação da liberdade exige a eliminação desta concentração poder na maior extensão possível e a dispersão e distribuição de qualquer poder capaz de ser eliminado - num sistema de controles. Ao tirar a organização da atividade econômica do controle da autoridade política, o mercado elimina a fonte do poder coercitivo. Habilita o poder econômico a ser uma limitação em vez de um reforço do poder político".
Seus antípodas marxistas diriam que no sistema capitalista há um conluio entre o poder político e o grande capital. Os políticos, cujas campanhas são financiadas por empresas, seriam leais a este poder econômico, representariam majoritariamente os interesses do capital, o que manteria a concentração de poder.
De qualquer maneira, a democracia é a melhor maneira de controlar tanto o poder político quanto o poder econômico. Em liberdade, pode-se lutar para mudar o mundo ou qualquer outra coisa.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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