quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Democratas assumem o controle do Senado

O senador republicano George Allen acaba de desistir de exigir uma recontagem geral dos votos da eleição de 7 de novembro no estado de Virgínia, que ele perdeu por menos de 1% dos votos para o desafiante democrata James Webb.

Isto significa que o Partido Democrata terá 51 senadores contra 49 do Partido Republicano, tornando-se maioria no Senado e na Câmara dos Estados Unidos.

Apesar da maioria estreita, a oposição vai controlar as comissões e assim determinar a agenda do Congresso, além de reduzir significativamente o poder do presidente George Walker Bush, que a partir de hoje começa será obrigado a negociar e saiu logo demitindo o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, visto como o maior responsável pelo fracasso da guerra no Iraque.

Vale lembrar que é comum na História dos EUA um partido eleja o presidente e o outro tenha maioria no Congresso. Talvez seja uma forma de equilibrar os poderes da União.

O republicano Dwight Eisenhower (1953-61) tinha maioria. Desde os anos 60 até 1994, os democratas tiveram maioria na Câmara e no Senado. Os democratas John Kennedy (1961-63), Lyndon Johnson (1963-69) e Jimmy Carter (1977-81) governaram com maioria no Congresso. Mas Richard Nixon (1969-74), Gerald Ford (1974-77), Ronald Reagan (1981-89) e George Bush sr. (1989-1993) enfrentaram oposição.

Só em 1994, nas eleições intermediárias do primeiro mandato de Bill Clinton, os republicanos recuperaram o controle da Câmara e do Senado, na revolução conservadora liderada por Newt Gingrich.

A Câmara, que nos EUA tem a prerrogativa de debater e aprovar o orçamento, entrou em choque com a Casa Branca. O governo dos EUA chegou a fechar mas Executivo e Legislativo se entenderam. Conseguiram equilibrar o orçamento, o que chegou a gerar um saldo orçamentário de US$ 200 bilhões no final do governo Clinton, transformado num déficit de mais de US$ 300 pelo presidente George W. Bush.

Então há uma tradição de que os poderes se equilibrem e que talvez seja melhor assim do que dar carta branca a um partido para agir como quiser. Bush teve uma, ou melhor, duas chances. Como disse, acumulou "muito capital político" com a reeleição. Jogou quase tudo fora.

Bush virou o que os anglo-saxões chamam de "pato manco", um político em fim de mandato sem ambições nem poder para impor sua visão. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, deve estar se sentindo da mesma maneira. Se Bush tem mais dois anos de mandato, Blair está sob pressão para sair já.

É a maldição do Iraque. Bush e Blair são sobreviventes. Todos os outros líderes que apoiaram a invasão do Iraque caíram, menos o primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, que saiu por cima. Os primeiros-ministros da Espanha, José María Aznar; de Portugal, José Manuel Durão Barroso; e da Itália, Silvio Berlusconi; apoiaram Bush contra a vontade popular - e pagaram com derrotas eleitorais.

Blair ganhou mas ficou tão enfraquecido que o partido teria ido muito melhor sem ele. O líder que levou os trabalhistas de volta ao poder depois de 18 anos de thatcherismo virou um peso para o partido.

Agora foi a vez de Bush. Os candidatos republicanos tentaram esconder o presidente durante a campanha. Mas a desaprovação popular é evidente.

É o começou do fim da era Bush. O resto do mundo agradece.

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