sábado, 25 de novembro de 2006

Uruguai vai à Corte de Haia na 'guerra das papeleiras'

O governo do Uruguai vai recorrer à Corte Internacional de Justiça das Nações Unidas, com sede em Haia, na Holanda. Quer o fim do bloqueio de uma ponte que liga o país à Argentina, feito por ativistas que protestam contra a construção de uma fábrica de papel e celulose em Fray Bentos, na margem oriental do Rio Uruguai, na chamada 'guerra das papeleiras'.

No final de abril, os manifestantes suspenderam um bloqueio de 40 dias de duas das três pontes que unem os dois países por sobre o Rio Uruguai. No início do mês, durante a Reunião de Cúpula Ibero-Americana, realizada este ano em Montevidéu, voltaram a bloquear a passagem em Gualeguaychú, na província argentina de Entre Ríos, que fica diante da fábrica, na margem ocidental do rio.

Isto aumentou o tráfego na Ponte General Artigas, que liga Paysandú, no Uruguai, a Colón, na Argentina. Agora os manifestantes ameaçam bloqueá-la também. Eles estão organizando um protesto na Praça de Maio, em Buenos Aires, para 12 de dezembro.

Nesta semana, o Banco Mundial aprovou empréstimos à empresa finlandesa Botnia, que está realizando investimentos considerados importantes para a economia uruguaia. Em protesto, o presidente argentino, Néstor Kirchner, acusou seu colega uruguaio, Tabaré Vázquez, de "intransigente".

Para o Uruguai, a construção da fábrica tornou-se uma questão de soberania nacional. A Argentina já recorreu à Corte de Haia, alegando que o projeto viola o tratado bilateral sobre o uso do Rio Uruguai. O Uruguai apelou ao Mercosul mas Kirchner vetou uma tentativa de mediação brasileira, o que enfraqueceu o bloco, provocando ameaças uruguaias de sair do Mercosul.

Como a China está instalando uma fábrica de automóveis no Uruguai tendo em vista os mercados do Brasil e da Argentina, é improvável que o Uruguai saia do Mercosul.

Kirchner preferiu a mediação do rei Juan Carlos, da Espanha, um sinal da fragilidade do Mercosul, já que uma das prioridades do bloco regional deveria ser a solução pacífica dos conflitos entre seus países-membros.

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