O ex-presidente Daniel Ortega, da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), é o favorito para a eleição presidencial deste domingo na Nicarágua. Mas talvez não consiga a porcentagem mínima de 35% com vantagem de pelo menos cinco pontos percentuais sobre o segundo lugar, exigências para ganhar no primeiro turno.
Em segundo está o banqueiro e ex-ministro da Fazenda Eduardo Montealegre, da direitista Aliança Liberal Nicaragüense, um racha do Partido Liberal do ex-ditador Anastasio Somoza, hoje sob a liderança do ex-presidente Arnoldo Alemán, condenado à prisão domiciliar por corrupção.
Em terceiro, entre cinco candidatos, está José Rizo, do PLC, de Alemán e do atual presidente Enrique Bolaños, que não pode ser candidato à reeleição e terá de passar o cargo em 10 de janeiro.
Montelaegre é apoiado pelos Estados Unidos, acusados de interferir na campanha. Ortega, por sua vez, tem o apoio do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e de Alemán, que abandonou o candidato de seu partido.
Se houver segundo turno, em dezembro, Ortega terá de entrentar a união de seus quatro adversários, tornando sua tão sonhada reeleição muito mais difícil. Por isto, os sandinistas e seus aliados, que controlam a Comissão Eleitoral, rebaixaram o limite mínimo para a vitória no primeiro turno de 45% para 35% dos votos válidos.
O governo George W. Bush ameaça boicotar a Nicarágua se Ortega ganhar. As remessas de dinheiro dos nicaragüenses que vivem nos EUA são uma importante fonte de renda e de moeda forte para o país.
Daniel Ortega era um dos nove comandantes que tomaram o poder em 19 de julho de 1979, depois de uma década de luta contra a ditadura de Anastasio Somoza Debayle, segundo filho de Anastasio Somoza García, que governou o país de 1936 a 1956 depois de receber o poder de uma invasão americana que derrotara a rebelião nacionalista de Augusto Cesar Sandino. Como seu irmão Humberto Ortega era outro dos nove e virou ministro da Defesa, e o irmão mais velho morrera como herói da revolução, Daniel tornou-se presidente da Nicarágua guerrilheira, onde estive em 1982.
Sob pressão internacional, os sandinistas convocaram eleições em 1984, vencidas por Ortega mas boicotadas pela oposição, que preferia, seguindo a orientação dos EUA de Ronald Reagan, apoiar os contra-revolucionários. A guerra civil empurrou o governo sandinista para a esquerda. Em 1990, Ortega perdeu a eleição para Violeta Chamorro.
Desde então, tenta voltar ao poder em todas as eleições. Quando a direita concorreu unida, conseguiu derrotá-lo. Agora, há uma divisão na direita.
Ao mesmo tempo, Ortega se apresenta como um conciliador. Invoca o exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se aliou tanto a um comandante dos contras que o combateram nos anos 80 como ao ex-presidente direitista Arnoldo Alemán, que vive sob prisão domiciliar, condenado por corrupção. Seu vice-presidente, Jaime Morales Carazo, é ex-banqueiro e antigo comandante dos contras.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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