Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 4 de novembro de 2006
Mercedes Sosa fecha Teatro Colón em Buenos Aires
BUENOS AIRES - Foi uma noite de gala para a grande dama da canção argentina e latino-americana. Com convidados especiais e orquestra, Mercedes Sosa fez em 1 de novembro o último espetáculo no Teatro Colón, o mais tradicional da Argentina, que ficará fechado para restauração e modernização tecnológica até a festa de seu centenário, em 25 de maio de 2008.
O Teatro Colón, que os argentinos gabam de ter uma das melhores acústicas do mundo, estava lotado e reluzente, com gente de pé pelos corredores da platéia, quando Mercedes Sosa entrou. Muito pesada, caminhou lentamente com a ajuda de um auxiliar de palco, dando um tempo para os carinhosos aplausos do público de mais de 4 mil pessoas.
Aos 71 anos, a tucumana Mercedes Sosa não tem o mesmo vigor mas sua poderosa ainda encanta. Ela sentou-se e começou com uma música da sua terra, Romance de la luna tucumana, de Atahualpa Yupanqui e Pedro Aznar, para calar fundo desde o primeiro canto. Em seguida, convidou Carmen Guzmán para cantar De Buenos Aires morena, de Héctor Negro e da própria Carmen, uma milonga em homenagem à capital argentina, e depois interpetou Melancolia, do cubano Silvio Rodríguez.
Uma interpretação impecável de Gracias a la Vida, de Violeta Parra, ao lado da mexicana convidada Guadalupe Pineda, linda num vestido vermelho com manto preto, foi para mim o momento mais emocionante da primeira parte e talvez de todo o espetáculo.
No intervalo, enquanto o público era convidado a tomar um champanhe, a orquestra permanente do Teatro Colón, afinava seus instrumentos para acompanhar Mercedes Sosa na segunda parte, sob a batuta do maestro Pedro Ignacio Calderón. Ela começou com La última palabra, de Ariel Ramírez, Como pájaros en el aire, de Peteco Carbajal, e Samba para no morir, de Norberto Ambrós, Héctor Rosales e Hamlet Lima Quintana.
Mais uma vez, um dos pontos altos foi a interpretação sutil, doce e suave de Guadalupe Pineda para Coincidir, de Alberto Escobar.
Outros destaques foram Um vestido y un amor, de Fito Páez, La tempranera, de León Benarós e Carlos Guastavino, e Vuelvo al sur, de Ástor Piazzola e Pino Solanas.
Para fechar uma grande noite, Mercedes Sosa escolheu La Celedonia Batista, de Teresa Parodi, acompanhada da própria Teresa. Mas o público não deixou. Queria mais. Enquanto a orquestra tocava Polleritas, o público, de pé, marcava o ritmo com palmas. Num grand finale, a grande dama da canção latino-americana levantou-se e dançou um pouco, deu "una bailadita" para dar um final sublime e apoteótico ao primeiro século do Teatro Colón, de Buenos Aires.
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