Uma série de jogos de guerra secretos realizados em 1999 simulando operações militares dos Estados Unidos alertou que seriam necessários pelos menos 400 mil soldados para invadir, ocupar e estabilizar o Iraque. Mesmo assim, os americanos poderiam enfrentar sérios problemas por causa do colapso do Estado iraquiano.
Apesar da advertência, os EUA invadiram o Iraque em março de 2003 com 250 mil homens e mais 40 mil aliados. Hoje, tem apenas 144 mil soldados para tentar controlar um país do tamanho da Califórnia.
Outros pontos do relatório sobre a simulação são extraordinariamente coincidentes com a realidade do Iraque depois da queda de Saddam Hussein:
• "Uma mudança de regime não garante estabilidade. Uma série de fatores, incluindo vizinhos agressivos, fragmentação ao longo de linhas étnicas e religiosas, e o caos criado por forças rivais lutando pelo poder pode afetar negativamente a estabilidade regional."
• "Mesmo que a ordem pública seja restaurada e as fronteiras protegidas, a troca de regime poderia ser problemática, especialmente se for percebido como fraco, um fantoche ou fora de sintonia com os governos regionais dominantes."
• "O antiamericanismo do Irã pode ser inflamado por uma intervenção no Iraque liderada pelos EUA. O influxo de forças americanas e ocidentais no Iraque vai exacerbar as preocupações em Teerã, assim como a instalação de um governo pró-ocidental em Bagdá."
• "O debate sobre o Iraque pós-Saddam também revela a falta de informação sobre o potencial e as capacidades dos grupos de oposição iraquianos no exterior. A falta de informações sobre seus papéis prejudica o desenvolvimento das políticas dos EUA."
• "Alguns dos 70 participantes acreditam que nenhum governo árabe receberá bem a longa presença militar dos EUA necessária para instalar e sustentar um governo democrático."
• "Uma intervenção militar de longo prazo em larga escala talvez crie problemas com muitos parceiros da coalizão".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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