quinta-feira, 14 de maio de 2015

Bulgária envia tropas para a fronteira da Macedônia

O primeiro-ministro Boiko Borissov comunicou ao Parlamento da Bulgária ontem o envio de tropas à fronteira com a ex-república iugoslava da Macedônia para impedir a entrada em massa de refugiados, noticiou o jornal digital EU Observer.

A tensão aumentou na Macedônia depois de um confronto da polícia com militantes da minoria albanesa que terminou com 22 mortes, de 14 albaneses e oito policiais, em 10 de maio de 2015. É mais um conflito étnico na região dos Bálcãs decorrente das guerras que destruíram a Iugoslávia no fim do século 20.

Borissov declarou que a Macedônia está pronta a receber cerca de 90 mil macedônios com passaportes búlgaros, mas está preocupado com os riscos de agitação social, violência e terrorismo. Teme uma crise humanitária no país vizinho. Um terço dos 2 milhões de macedônios é de origem albanesa.

Sob pressão, o primeiro-ministro macedônio, Nikola Gruevski, denunciou a infiltração de terroristas vindos de um país vizinho para desestabilizar a Macedônia. Ontem, a ministra do Interior, Gordana Jankulova, e o chefe do serviço secreto, Sasso Mijalkovski, pediram demissão sob acusações de escuta telefônica ilegal e intimidação de jornalistas.

A Macedônia sofreu um forte impacto com a Guerra do Kossovo, em 1999, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) bombardeou a Sérvia durante 78 dias para obrigar as forças do ditador Slobodan Milosevic a se retirar da província do Kossovo, onde estavam massacrando a maioria albanesa.

O conflito entre eslavos e albaneses se alastrou para a Macedônia. Em 2001, houve um acordo entre a maioria eslava e guerrilheiros albaneses. Ex-combatentes do Exército de Libertação do Kossovo faziam parte do grupo que entrou em conflito com a polícia macedônia no domingo passado.

A Bulgária considera a Macedônia um país irmão. Ambos usam o alfabeto cirílico e conseguem se entender. Os búlgaros consideram o macedônio uma variação de sua língua, mas as relações entre os dois países se agravaram nos últimos meses.

O governo búlgaro quer assinar um tratado bilateral para resolver questões potencialmente litigiosas, como a exigência de que reconheça a existência de uma "minoria macedônia" na Bulgária e os direitos dos búlgaros na Macedônia.

Sem um tratado, a Bulgária vai vetar a abertura de negociações para a entrada da Macedônia na União Europeia, bloqueadas pela Grécia há cinco anos. A Grécia exige a mudança do nome do país para que a Macedônia não reivindique a soberania sobre a província grega chamada Macedônia.

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