Ao celebrar hoje o acordo firmado entre as grandes potências e o Irã para desarmar o programa nuclear iraniano, o presidente Barack Obama afirmou que o acordo está baseado não na confiança, mas na fiscalização.
"Todos os caminhos para o Irã fazer a bomba atômica foram bloqueados", declarou o presidente dos Estados Unidos.
Os EUA negociaram de uma posição de força, com base em princípios, acrescentou Obama, que ameaçou vetar qualquer iniciativa do Congresso para derrubar o acordo.
No Irã, a população saiu às ruas para festejar o acordo. O presidente Hassan Rouhani falou em pronunciamento na TV que é o início de uma nova era nas relações do Irã com o mundo.
As maiores críticas vieram de Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu considerou que houve um "mau acordo" capaz de deflagrar uma corrida armamentista nuclear no Oriente Médio. No momento, Israel é o único país da região com armas atômicas.
Outro grande aliado dos EUA, a Arábia Saudita, que apoia sunitas em conflitos contra xiitas sustentados pelo Irã no Bahrein, no Iêmen, no Iraque, no Líbano e na Síria, teme o fortalecimento do Irã. Próximos do Paquistão, único país muçulmano com armas nucleares, os sauditas já manifestaram interesse em adquirir a tecnologia.
A Turquia, outra candidata a potência regional, também cogita a opção nuclear. O risco de uma corrida armamentista na região mais explosiva do planeta não pode ser descartada.
Como no caso de Cuba, Obama aposta no engajamento político para ver se estimula pressões internas pela liberalização do regime. Enquanto o povo festeja nas ruas, dentro do regime a linha-dura vê um risco para a ditadura teocrática iraniana.
A República Islâmica do Irã se comprometeu a reduzir seus estoques de urânio enriquecido a baixos teores em 98% em 15 anos. Dois terços das centrífugas serão eliminadas, restando as 5.060 ativas no centro de processamento primário de Natanz.
Em troca, as sanções internacionais contra o regime fundamentalista iraniano serão removidas à medida que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) certificar que a república dos aiatolás está cumprindo o acordo. A AIEA, órgão da ONU, poderá fazer inspeções sem aviso prévio em qualquer instalação nuclear, inclusive em áreas militares.
O Irã vai exportar mais petróleo e poderá usar o sistema financeiro internacional em seu comércio exterior. As sanções à venda de armas serão levantadas gradualmente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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