FORTALEZA - Três teses sobre o início da povoação do Ceará são discutidas há muito tempo e os historiadores ainda não chegaram a uma conclusão defnitiva. Alguns afirmam que o fundador de Fortaleza foi Martim Soares Moreno, outros dizem que foi Matias Beck e uns homenageiam Álvares de Azevedo Barreto.
O primeiro a efetivamente estabelecer um povoado às margens do Rio Ceará foi Martim Soares Moreno, o guerreiro branco da Iracema de José de Alencar. Sobrinho do sargento-mor Diogo de Campos Moreno, desde muito pequeno havia sido mandado para a região com Pero Coelho de Souza, que lá chegou em 1603, a fim de aprender a língua dos índios e seus costumes.
FORTE
Mais tarde, por ordem do governador-geral da colônia, Diogo de Campos Moreno percorreu todo o litoral reunindo os mapas que fez num livro terminado em 1612 em que observava a necessidade de serem criadas três capitanias: uma entre os rios Grande e Ceará, a segunda em Camocim e a última no Maranhão.
Na foz do Ceará, deixou seu sobrinho Martim Soares Moreno. Este, na companhia de potiguares do Rio Grande do Norte, nu e tatuado como eles, apresou um navio francês no Mucuripe (atual porto de Fortaleza) e compreendeu que era indispensável fortificar o local.
O governador mandou-lhe então uma escolta de 10 homens e um sacerdote. Juntos, fizeram o reduto e uma ermida a Nossa Senhora do Amparo, na foz do Ceará. Surgiu assim Fortaleza, princípio deste Ceará, que por muito tempo se limitou ao quartel à beira-mar, o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa, depois rebatizado para Forte de São Sebastião - de acordo com a História do Brasil de Pedro Calmon.
HOLANDESES
Anos mais tarde, em 1637, houve a primeira invasão holandesa, que durou até 1644. Durante este período, em 1643, o Forte de São Sebastião foi destruído pelos índios. Depois disso, há um hiato na povoação que reforça a posição dos que acreditam que o holandês Matias Beck tenha sido o verdadeiro fundador da capital cearense.
Em 1649, as forças da Holanda comandadas por Beck retomaram a região, construindo para defendê-la o Forte de Schoonenborch, que ficava onde hoje é o centro de Fortaleza. Mas, como argumenta o historiador Clóvis Reis, do Museu Histórico e Antropológico do Estado, "Matias Beck não veio para fundar uma povoação. Veio para saquear, explorar e espoliar."
Quando os holandeses foram expulsos não só do Ceará mas de todo o Nordeste do Brasil, em 1654, Álvares de Azevedo Barreto melhorou o forte, rebatizando-o como nome de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Foi ao redor dele que teve início a povoação definitiva do lugar.
Em 1807, o forte foi reconstruído em pedra, tijolo e cal, com dois baluartes fronteiros ao mar - onde resiste até hoje, reformado, agora como quartel da região militar. Desde aquela época, a cidade é conhecida como Fortaleza.
JARDINS
Elevada à categoria de vila em 1689, Fortaleza foi escolhida capital da capitania do Ceará em 1799, mas só pôde se desenvolver depois da abertura dos portos brasileiros às nações amigas por Dom João VI, em 1808, quando a corte portuguesa fugiu do imperador francês Napoleão Bonaparte e se instalou no Brasil.
Depois da independência, em 1823, Fortaleza passou a ser cidade e capital da província do Ceará.
Economicamente, começou a ganhar importância como porto de exportação de algodão. Devido à proximidade com a Europa, diversas casas de comércio estrangeiras abriram filias na capital do Ceará.
Em 1848, suas ruas foram iluminadas a azeite de peixe. Em 1855, começou a pavimentação das ruas para em 1880 chegarem a iluminação a gás e os bondes puxados a burro. Nas décadas de 1920 e 1930, a cidade foi reurbanizada com a construção de jardins e novos bairros residenciais.
Hoje, com 2,5 milhões de habitantes, é a quinta maior cidade do Brasil, de acordo com estimativa do IBGE de 2014.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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