Um tribunal de Nápoles, no Sul da Itália, condenou hoje o ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi a três anos de prisão por subornar um ex-senador entre 2006 e 2008 para derrubar o governo de seu rival esquerdista Romano Prodi. A defesa vai recorrer. Como o caso está perto de prescrever, é improvável que a sentença definitiva saia antes do fim do prazo legal.
Berlusconi foi denunciado por subornar o então senador Sergio de Gregorio, do partido Valores da Itália, para deixar a coalizão de centro-esquerda e assim derrubar o governo Prodi. De Gregorio confessou a culpa em 2013, em troca de uma sentença de um ano e oito meses de prisão com direito a suspensão da pena.
A promotoria pediu cinco anos de cadeia para o magnata, o líder que governou a Itália por mais tempo depois da Segunda Guerra Mundial. Berlusconi negou tudo, como faz em todos os processos de uma vida marcada por escândalos sexuais e de corrupção.
Em 2013, condenado por fraude fiscal, Berlusconi foi proibido de ocupar cargos públicos por seis anos. A pena de prisão de quatro anos foi convertida em um ano de trabalho comunitário. Agora, deve se beneficiar da extinção de punibilidade por decurso de prazo. O processo vai durar mais tempo do que a lei permite.
Desde então, seu partido de direita Força Itália (o slogan da torcida da seleção de futebol do país) vem caindo por divisões internas e falta de liderança. Nas eleições regionais de maio, foi superado pela neofascista Liga do Norte, que emerge como a grande força política da direita italiana.
Por ironia do destino ou da história da Itália, Berlusconi surgiu no vácuo deixado pela Democracia Cristã. O principal partido político italiano do pós-guerra desapareceu com os processos de corrupção da Operação Mãos Limpas, no início dos anos 1990s, junto com o Partido Socialista, deixando um vazio na direita italiana, habilmente preenchido pelo homem mais rico do país, um empresário arquicorrupto.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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