A organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante iniciou uma retaliação contra o governo da Turquia. Um atentado terrorista suicida matou hoje 32 pessoas e feriu outras 100 num centro cultural da cidade turca de Suruc, perto da fronteira com a Síria.
O ataque acontece depois de uma série de advertências feitas pela milícia jihadista contra ações do governo da Turquia para desarticular as redes de apoio ao grupo e suas rotas de suprimentos em território turco e a mobilização de tropas junto à fronteira com a Síria. Mais de mil turcos aderiram à "guerra santa" do Estado Islâmico.
No momento do ataque, o centro cultural estava cheio de voluntários que se preparavam para levar ajuda humanitária à cidade síria de Kobane, tomada pelos curdos numa derrota dos islamitas depois de meses de batalha.
A rede de aliados do Estado Islâmico na Turquia permite que o grupo lance novas ações terroristas. O grupo tem agentes e várias casas seguras onde aloja voluntários a caminho dos campos de batalha na Síria e no Iraque.
Diante do ataque, é improvável que a Turquia recue. Ao contrário, o governo deve intensificar as operações contra o grupo em território turco. A grande questão é se vai atacar o Estado Islâmico também na Síria.
Até o momento, apesar das pressões dos Estados Unidos, a Turquia, país-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), reluta em intervir na guerra civil da Síria se não houver um compromisso específico das potências ocidentais de derrubar a ditadura de Bachar Assad, na opinião turca a maior responsável pela instabilidade no Oriente Médio.
Como Suruc está longe das principais cidades turcas, também é improvável que as Forças Armadas da Turquia intervenham na Síria em grande escala. Tudo vai depender da reação do Estado Islâmico. Se atacar áreas mais sensíveis, a resposta será mais dura.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário