Três caças-bombardeiros F-16 da Força Aérea da Turquia atacaram na madrugada desta sexta-feira várias posições da milícia terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante em território da Síria, anunciou o gabinete do primeiro-ministro Ahmet Davutoglu.
O bombardeio acontece um dia depois da primeira troca de tiros entre o Exército da Turquia e o Estado Islâmico na fronteira entre a Síria e a Turquia em que um suboficial turco morreu. Marca uma mudança na estratégia do governo turco em relação ao grupo jihadista.
Até agora, a Turquia, que tem o maior e mais poderoso Exército entre os vizinhos muçulmanos da Síria, relutou em entrar na guerra contra o terrorismo. Quando os EUA começaram a bombardear o EI, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, condicionou sua participação na guerra à queda do ditador sírio, Bachar Assad. Só agora, autorizou o uso da base aérea de Incirlik por aviões de combate americanos.
Os EUA não queriam entrar ao mesmo tempo em guerra contra o EI e contra Assad, aliado da Rússia e do Irã, no momento de delicadas negociações para desarmar o programa nuclear iraniano.
Um atentado terrorista e o tiroteio na fronteira aumentaram a pressão sobre Erdogan. A Turquia é o país de passagem da maioria dos voluntários do EI a caminho dos campos de batalha da Síria e do Iraque. Os islamitas exportam petróleo e obtêm recursos via território turco.
Como os bombardeios aéreos liderados pelos EUA são insuficientes, uma força terrestre terá de dar combate ao EI no solo para lhe negar a base territorial necessária a um Estado. Até o momento, a estratégia de Obama não está conseguindo "degradar e destruir" o EI.
Alguém precisa reconquistar o território em poder dos extremistas muçulmanos. Os guerrilheiros curdos são estão interessados, a não ser nas suas próprias regiões tendo em vista a fundação do Curdistão. Os rebeldes sírios moderados que os EUA prometem treinar não existem como força de combate. E o Exército do Iraque se revela totalmente incompetente.
Na Síria, a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus) luta ao lado da ditadura de Bachar Assad. Além do EI, as outras forças importantes são a Frente al-Nusra, braço da rede terrorista Al Caeda e o Exército da Conquista, uma aliança de milícias jihadistas . No Iraque, as milícias xiitas financiadas e treinadas pelo Irã tem um papel importante, mas não são bem-vindas nas regiões sunitas onde está o grosso da insurgência.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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