Num dos maiores ataques rebeldes da história moderna do Egito, cerca de 300 milicianos armados com fuzis, metralhadoras, mísseis antiaéreos e um carro-bomba lançaram ataques simultâneos contra 15 postos militares e quartéis do Exército no Norte da Península do Sinai. Pelo menos cem milicianos e 17 soldados foram mortos, informou o jornal libanês The Daily Star citando fontes das Forças Armadas egípcias.
Caças-bombardeiros F-16 e helicópteros de combate Apache participaram do contra-ataque das Forças Armadas do Egito. Eles destruíram três veículos utilitários esportivos armados com mísseis antiaéreos.
Um grupo que se apresenta como a Província do Sinai do Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade pela operação, realizada um dia depois que o ditador Abdel Fattah al-Sissi anunciou um endurecimento na luta contra os jihadistas, defensores de uma "guerra santa" para impor sua versão extremista do islamismo.
A Península do Sinai é uma região estratégica entre o Canal de Suez, a Faixa de Gaza e Israel. Pelo acordo de paz assinado entre Israel e o Egito em 1979, deveria ser uma zona desmilitarizada. Mas a presença cada vez maior de extremistas muçulmanos depois da queda da ditadura de Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, na Primavera Árabe, levou Israel a apoiar as ações do Exército do Egito.
Os jihadistas minaram a área ao redor da delegacia de polícia de Cheikh Zuweid e a estrada de Cheikh Zuweid em direção ao quartel de Zuhour, onde tomaram dois veículos blindados, armas e munições. Horas depois, o Exército conseguiu romper o cerco a Cheikh Zuweid.
É uma escalada na guerra civil dissimulada que o Egito vive desde o golpe de 3 de julho de 2013, que acabou com a Primavera Árabe. O general Al-Sissi, então comandante das Forças Armadas, derrubou o único presidente eleito democraticamente da história do país, Mohamed Mursi. Caía o governo da Irmandade Muçulmana, o mais antigo movimento fundamentalista islâmico, declarado terrorista depois do golpe.
Desde então, mais de mil militantes islamitas e 600 soldados e policiais foram mortos. A alta cúpula da Irmandade, inclusive o presidente deposto, foi condenada à morte. Na segunda-feira, o procurador-geral Hisham Barakat, principal responsável pela acusação nos processos, foi assassinado num atentado a bomba no Cairo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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