quarta-feira, 1 de julho de 2015

Armênios protestam contra dependência da Rússia

Cerca de 10 mil manifestantes tomaram as ruas de Ierevã no último fim de semana para protestar contra o presidente da ex-república da Armênia, Serj Sarkissian, e sua aliança com a Rússia, preocupando as autoridades do Kremlin.

A onda de protestos começou com o anúncio pela comissão de serviços de públicos de um aumento de 17% na tarifa de energia elétrica. Mais do que o aumento em si num país com 17% de desemprego, está em jogo a dominação russa sobre a economia armênia e a corrupção e o compadrismo característicos do modelo de negócios do governo Vladimir Putin.

A Rede Elétrica da Armênia, a companhia nacional de energia elétrica, é uma subsidiária da empresa russa Inter RAO. Seu presidente, Igor Sechin, é um amigo próximo de Putin. Os manifestantes denunciam a corrupção na empresa.

No sábado, Sarkissian prometeu abrir inquérito e adiou o aumento até sua conclusão, prevista para agosto. Para consolidar a aliança, a Rússia deu no fim de semana US$ 200 milhões à Armênia, que disputa a região de Nagorno-Karabakh com o vizinho Azerbaijão desde os últimos anos da União Soviética, da qual ambos eram repúblicas.

Com uma base militar e 3 mil soldados russos, a Armênia é uma cabeça de ponte essencial para a Rússia no Sul do Cáucaso, ajudando-a a manter o controle sobre o Mar Cáspio e a Ásia Central pós-soviética. O sonho de Putin é restaurar o poder imperial soviético mantendo o controle da Rússia e a esfera de influência, o chamado império interior soviético.

O Cáucaso faz parte desse império russo recriado por Putin, como mostrou a guerra contra a ex-república soviética da Geórgia em agosto de 2008. A Armênia entrou para a União Eurasiana, a tentativa de Moscou de criar uma área econômica capaz de rivalizar com a União Europeia.

Sob pressão da crise da Ucrânia e de seus próprios problemas econômicos, a começar pela Grécia, a UE reduziu seu compromisso com a Parceria Oriental, que inclui Armênia, Azerbaijão e Geórgia. Ao não abrir uma rota para à integração à Europa, a UE joga estes países nas garras do Kremlin.

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