Uma semana de negociações para tentar convencer a Coréia do Norte a abandonar seu programa de armas atômicas terminou hoje em Beijim sem qualquer avanço. Os seis países participantes - as Coréias do Norte e do Sul, os Estados Unidos, a China, o Japão e a Rússia - só concordaram em "voltar a se reunir o mais cedo possível". Mas não conseguirem nem marcar uma data.
Os negociadores tentaram resgatar uma proposta de setembro de 2005 que oferecia ajuda econômica e garantias de segurança ao regime comunista de Pionguiangue em troca do fim do programa nuclear.
A Coréia do Norte realizou uma explosão atômica em 9 de outubro, desafiando a comunidade internacional.
Último regime stalinista do mundo, a Coréia do Norte está em crise desde o colapso do comunismo e faz uma chantagem atômica para exigir ajuda externa, contrariando a máxima histórica do regime, que era a auto-suficiência. Em 1994, depois da mediação do ex-presidente Jimmy Carter, o governo Bill Clinton fez um acordo com o fundador do país, o 'Grande Líder' Kim Il Sung.
Kim Il Sung morreu em julho de 1994, sendo substituído pelo filho. Quando o presidente George Walker Bush chegou à Casa Branca, contrariando as políticas de aproximação de Clinton, começou a hostilizar os ex-inimigos da Guerra Fria, inclusive a China e a Coréia do Norte - e incluiu a Coréia do Norte no "eixo do mal", ao lado de Irã e Iraque, no Discurso sobre o Estado da União de janeiro de 2002.
Como o discurso foi feito para preparar a invasão do Iraque, acirrou a paranóia do regime militar norte-coreano, que passou a acelerar seu programa nuclear. Em janeiro de 2003, Pionguiangue abandonou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, impedindo a fiscalização da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Quando os EUA bloquearam, em novembro do ano passado, as contas bancárias de diversos dirigentes norte-coreanos, sob a alegação de que o país estava falsificando dólares, Pionguiangue abandonou as negociações e acelerou o desenvolvimento da bomba.
A Coréia do Norte insiste em dialogar diretamente com os EUA mas as negociações envolvem seis países. O encontro desta semana foi a primeira negociação desde o teste nuclear norte-coreano. Ao que tudo indica, foi apenas uma explosão rudimentar. Ainda não é uma bomba atômica. Mas está perto.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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