domingo, 31 de dezembro de 2006

Saddam Hussein é enterrado junto aos filhos

Menos de 24 horas depois de sua execução na forca, o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein al-Tikrit (1979-2003) foi enterrado na vila onde nasceu, Auja, perto da cidade de Tikrit, ao lado de seus filhos Uday e Kusay, mortos em 2003 pelas forças invasoras dos Estados Unidos.

Um avião militar americano levou o corpo de Saddam até Tikrit. Lá, ele foi entregue ao líder tribal, xeque Ali al-Nida, e ao governador de Saladino. Cerca de 100 pessoas estavam presentes ao sepultamento, realizado às quatro da manhã deste domingo, hora local, 23h de sábado em Brasília.

Pela maneira como foram conduzidos, o julgamento rápido e a execução provocaram protestos ao redor do mundo, especialmente depois da divulgação de um vídeo gravado clandestinamente revelando uma discussão entre Saddam e alguns algozes xiitas, que citaram o aiatolá Muktada al-Sader e seu pai, assassinado a mando do ex-ditador.

Hoje, soube-se ainda que alguns carrascos e testemunhas dançaram ao redor do cadáver para festejar a morte de Saddam.

Se o presidente George Walker Bush afirma que Saddam Hussein teve um julgamento justo, a Milícia dos Talebã, no Afeganistão, declara que a execução só vai incentivar a "guerra santa" contra os EUA e seus aliados.

Para o assessor de Segurança Nacional do governo do Iraque, Mowaffak al-Rubaie, a execução seguiu "todos os padrões internacionais e islâmicos". Ele revelou que o enforcamento ocorreu na sede da 5ª Divisão de Inteligência, no bairro Cadímia, e admitiu que algumas testemunhas e carrascos festejaram sua morte, o que considerou uma "reação natural" porque "eles perderam entes queridos" durante a ditadura de Saddam.

Já o assessor de Segurança Nacional dos EUA no governo Jimmy Carter (1977-81), Zbigniew Brzezinski, entende que a execução foi "um tiro pela culatra". Terá conseqüências negativas para os EUA. Mesmo que a execução tenha sido realizada por iraquianos, alegou, "tínhamos Saddam sob custódia até uma hora antes e invadimos o país".

Mas Brzezinski vê duas oportunidades. Acredita que os EUA devem pressionar o governo do Iraque a conceder uma anista ampla para tentar pacificar o país, sob o argumento de que é preciso enterrar também o passado, junto com Saddam. Defende ainda a fixação de uma data, em comum acordo entre os EUA e o Iraque, para a retirada das tropas americanas do país.

Isto significa que o ex-assessor de Carter é contra o aumento do número de soldados americanos numa primeira etapa, como o presidente Bush pode anunciar nos primeiros dias de 2007, na revisão de sua estratégia para o Iraque: "Seriam necessários 300 mil soldados e não há apoio do povo americano para isso".

Saddam foi condenado à morte pelo massacre de 148 xiitas em Dujail, em 1982, durante a Guerra Irã-Iraque (1980-88), quando foi apoiado pelos EUA, a União Soviética, a Europa e os países árabes, que viam um mal maior na revolução islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini no Irã.

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