No debate sobre a nova estratégia dos Estados Unidos no Iraque, os generais do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas americanas querem mudar a missão, parando de combater a insurgência para treinar e apoiar as novas forças de segurança iraquiana, e caçar terroristas, revelou ontem o jornal The Washington Post.
O presidente George W. Bush e o vice-presidente Dick Cheney se reuniram na quarta-feira com os mais altos oficiais generais dos EUA. Eles não querem um aumento significativo do número de tropas como o senador e candidato à Casa Branca John McCain, que acredita que são necessários mais 30 a 50 mil soldados para impor a ordem no Iraque.
Pelo plano que está sendo feito pelo comandante militar americano no Iraque, general George Casey, os soldados americanos sairiam das cidades, concentrando-se em algumas bases, o que deixaria o combate à insurgência com o Exército do Iraque. Casey estuda a possibilidade de aumentar o contingente para intensificar o treinamento dos soldados e policiais iraquianos, os principais alvos dos terroristas e rebeldes.
Parte das tropas americanas seriam infiltradas dentro das forças iraquianas para orientá-las. Há 4mil soldados americanos treinando o Exército e a Polícia do Iraque.
As outras sete ou oito brigadas dos EUA teriam estas missões:
- atacar e desmantelar a rede terrorista Al Caeda no Iraque;
- aumentar a segurança nas fronteiras para impedir a infiltração de armas e terroristas; e
- proteger as estradas para garantir a circulação das forças americanas e aliadas.
Em curto prazo, não haveria nem aumento nem diminuição do contingente dos EUA, hoje em cerca de 140 mil soldados.
Os altos oficiais estão preocupados com o impacto político no Oriente Médio da nova estratégia dos EUA. Temem que os países sunitas apóiem a minoria sunita, como a Arábia Saudita advertiu que faria se os EUA saírem do Iraque. Isto criaria o risco de internacionalização do conflito. O Irã poderia intervir em apoio à maioria xiita.
Uma conflagração generalizada no Oriente Médio envolvendo produtores de petróleo como a Arábia Saudita e o Irã seria o atestado mais trágico do fracasso da invasão do Iraque.
Outro problema sério, na visão dos generais do Estado-Maior americano, é a ação da maior milícia do Iraque, o Exército Mehdi, liderado pelo aiatolá rebelde Muktada al-Sader. Eles se perguntam qual seria o reação do Irã, caso o governo iraquiano tente dissolver esta milícia, de 10 a 15 mil homens.
Os generais também estão preocupados porque o compromisso assumido pelos EUA no Iraque reduz a capacidade das Forças Armadas americanas de responder a outro desafio de segurança que possa aparecer. Para eles, este é o verdadeiro problema e não a data de sair do Iraque.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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