O governo conservador do primeiro-ministro Shinzo Abe mudou duas regras do pacifismo imposto ao Japão pela ocupação americana, depois da Segunda Guerra Mundial. As escolas japonesas voltarão a ensinar patriotismo a seus estudantes, e a Agência de Defesa será elevada a Ministério da Defesa pela primeira vez desde 1945.
As medidas foram aprovadas na sexta-feira pelo Senado. Seu objetivo é reforçar a posição internacional do Japão militarmente e resgatar o orgulho nacional, afastando-se do passado e dos sentimentos de culpa pós-1945.
É provável que os países vizinhos que foram ocupados pelo Japão durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente a China e a Coréia do Sul, protestem contra a primeira reforma da lei educacional desde 1947.
Estes países alegam, com razão, que o Japão, ao contrário da Alemanha, nunca reconheceu seus crimes de guerra nem pediu desculpas apropriadamente pelas atrocidades do Exército Imperial na Guerra do Pacífico.
O novo texto pede às escolas que "cultivem uma atitude de respeito à tradição e à cultura, de amor à nação e ao país".
A reforma reflete o pensamento do ministro da Educação, Bunmei Ibuki, de que o longo período de prosperidade do pós-guerra erodiu a moral e o espírito conservador do Japão de antes da guerra. Os críticos alegam que é um retrocesso para um período em que as crianças eram doutrinadas para apoiar o imperialismo militarista, e a se sacrificar pelo imperador e pelo país.
Sem maior oposição, porque as preocupações com a segurança nacional aumentaram muito por causa dos testes de mísseis e de explosões atômicas da Coréia do Norte, a Agência de Defesa foi promovida a ministério. A mudança entra em vigor no próximo ano. Dará aos generais mais prestígio e maior poderes sobre o orçamento.
"O governo está colocando em risco o futuro das crianças japonesas, transformando o Japão num país que trava guerras no exterior", protestou o deputado comunista Ikuko Ishii.
Pelo Artigo 9 da Constituição de 1947, imposta pelos EUA, o Japão está proibido de projetar seu poderio militar para além de suas fronteiras e mar territorial. Em 1992, uma emenda autorizou o envio de tropas ao exterior em missões de paz das Nações Unidas.
Até hoje, as forças armadas são chamadas de Forças de Defesa do Japão, o que não impede que este país-arquipélago tenha uma grande Marinha para patrulhar suas águas territoriais. O Japão, único país atacado com bombas atômicas, não tem armas nucleares. Mas ninguém duvida de que tenha a tecnologia e de que seja capaz de fabricar a bomba em meses.
Tanto à China quanto aos EUA, não interessa a nuclearização do Japão, que até hoje vive sob a proteção do 'guarda-chuva nuclear' americano. Até hoje, os EUA mantêm 50 mil soldados no Japão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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