sábado, 16 de dezembro de 2006

Abbas convoca eleições mas Hamas rejeita

O presidente da Autoridade Nacional Palestina anunciou hoje a intenção de convocar eleições presidenciais e parlamentares antecipada, mas o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que controla o governo palestino desde sua vitória nas eleições legislativas de 25 de janeiro deste ano, não aceita a manobra, que considera um golpe.

A tensão que se acumulava há meses explodiu nesta quinta-feira, quando o primeiro-ministro Ismail Haniyeh foi impedido por Israel de cruzar a fronteira do Egito para a Faixa de Gaza e houve um tiroteio entre militantes do Hamas e as forças de segurança palestina, leais a Abbas.

Desde que o presidente revelou a intenção de convocar eleições, o Hamas colocou seus militantes na rua, o que provocou confronto com forças da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Abbas. Pelo menos cinco palestinos foram mortos, inclusive três crianças menores de 10 anos, e mais de 50 saíram feridos.

Como o Hamas não abandonou a luta armada e não reconhece Israel, seu governo sofre um boicote econômico internacional. Israel impediu Haniyeh de voltar aos territórios palestinos com US$ 35 milhões recebidos do Irã e de países árabes, sob a alegação de que poderiam ser usados para financiar o terrorismo. A ascensão do Hamas também paralisou o processo de paz, porque Israel não admite negociar com um movimento que não o reconhece.

Para o negociador palestino Saeb Erekat, "ir às urnas pode evitar uma guerra civil".

Na minha opinião, Abbas está pressionando o Hamas a retomar as negociações para formar um governo de união nacional entre os palestinos mas a tensão chegou a um ponto explosivo. Este governo precisaria reconhecer Israel para que seja possível retomar o processo de paz.

O Hamas recusa-se a reconhecer Israel sob a alegação de que o Estado judaico ocupa territórios árabes. Por esta lógica, reconhecer Israel significaria aceitar a ocupação. O principal partido islamista palestino exige o fim da ocupação como precondição para negociar com Israel. Isto é inaceitável para Israel. Daria à parte mais fraca uma vantagem inicial nas negociações, o que vai contra a lógica do poder.

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