Uma televisão do Iraque, Al Hurra, acaba de anunciar que o ex-ditador Saddam Hussein foi executado há 10 minutos. Outra TV, Al Arabiya, de Dubai, confirmou a execução.
Saddam foi morto poucos minutos antes das seis da manhã, hora de Bagdá 1h em Brasília. Quando o dia amanhecer, começa um importante feriado religioso sunita e a lei iraquiana proíbe execuções em feriados religiosos.
Diversos analistas alegam que o julgamento e a execução de Saddam foram oportunidades perdidas para mostrar que o Iraque mudou.
O processo foi considerado viciado. Kenneth Roth, da organização não-governamental Human Rights Watch, condenou a aplicação da pena de morte como uma violação do direito internacional: "É moralmente repreensível tratar uma pessoa sem esperança que está presa como um peão, tirando sua vida com propósitos utilitaristas. Esta é a realidade, não importa quão sérios sejam seus crimes e quão louvável seja o propósito da execução".
Além das ONGs, vários países europeus e de outros continentes condenaram a aplicação da pena de morte.
Saddam foi executado pela morte de 148 xiitas, em vez do massacre de 200 mil curdos nos anos 80. Isto pode ser interpretado como um sinal de que é a maioria xiita que realmente manda no novo Iraque. E a execução de um ex-chefe de Estado muçulmana foi realizada às vésperas do Ano Novo, uma festa cristã, e no momento da peregrinação anual dos muçulmanos a Meca, o que pode ser visto como uma cruzada contra o Islã, como certamente será a avaliação dos jihadistas.
Além disso, a execução pode acirrar o conflito sectário entre sunitas e xiitas, já que estes últimos estão celebrando nas ruas a morte do ex-ditador.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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