O governo interno de Raúl Castro recebeu ontem em Havana um grupo de 10 deputados democratas e republicanos interessados na melhora das relações entre os Estados Unidos e Cuba. É a maior delegação de congressistas americanos a visitar a ilha desde a vitória da revolução comunista, em 1º de janeiro de 1959, e o primeiro contato oficial entre os dois países desde que Fidel Castro foi afastado por motivo de saúde.
Raúl substitui seu irmão, Fidel, como presidente, primeiro-ministro, líder do Partido Comunista e comandante das Forças Armadas, entre outros cargos, em 31 de julho, quando o líder histórico da revolução cubana foi submetido a uma cirurgia de emergência para estancar um sangramento abdominal.
Como ele não apareceu numa parada militar para festejar seus 80, especula-se que Fidel esteja gravemente doente. Para o chefe dos serviços secretos americanos, o linha-dura John Negroponte, ex-embaixador em Honduras nos anos 80, onde coordenava os contra-revolucionários da Nicarágua, Fidel tem câncer terminal e morrerá em breve.
A notícia foi desmentida pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, hoje o maior aliado do ditador cubano. Chávez disse ter falado com Fidel pelo telefone e negou que o dirigente cubano tenha câncer. No seu estilo messiânico, afirmou: "Fidel não vai morrer nunca".
Durante a parada militar, realizada no início de dezembro, Raúl Castro propôs a abertura de um diálogo para melhorar as relações com os EUA.
Os deputados já estiveram com o presidente da Assembléia Nacional, Ricardo Alarcón, e com o ministro do Exterior, Felipe Pérez Roque, ex-secretário particular de Fidel, considerado hoje um dos homens-fortes do regime comunista cubano. Pediram uma audiência com Raúl e têm boas chances de consegui-la.
Antes da viagem, o subsecretário de Estado para a América Latina, Tom Shannon, advertiu que não haverá reaproximação com Cuba antes de reformas democráticas. Mas os deputados realizam uma missão exploratória que dá mais um passo, ainda que lento, rumo à normalização das relações EUA-Cuba.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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