terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Anista espera punição para crimes de Pinochet

A organização não-governamental de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional divulgou nota pedindo que a morte do ex-ditador chileno Augusto Pinochet não signifique o fim dos processos para punir os crimes cometidos pela ditadura militar que governou o Chile do golpe que derrubou o presidente socialista Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973, até 1990.

Mais de 3,1 mil pessoas foram mortas neste período sombrio, como o descreveu o porta-voz do governo Lula, André Singer. A Anistia insiste em que sejam investigados e que todos os culpados sejam punidos. Por mais que os chilenos que elogiam o modelo econômico liberal imposto por Pinochet acreditem que ele é o pai do desenvolvimento do país, a tortura, a morte e o desaparecimento de pessoas não podem ficar impunes

Pinochet está sendo velado com honras militares mas não será enterrado como chefe de Estado. Afinal, nunca foi eleito para isto.

A presidente Michelle Bachelet não vai ao enterro. Seu pai, o general-brigadeiro Alberto Bachelet, trabalhara com Allende na distribuição de comida durante os boicotes e greves de caminhoneiros que alimentaram o golpe. Foi preso na Academia da Força Aérea e torturado até a morte, em 12 de março de 1974.

Michelle e a mãe foram detidas em 10 de janeiro de 1975 e levadas para o mal-afamado centro clandestino de detenção da Villa Grimaldi. Por suas conexões com os militares, conseguiram fugir e se exilaram na Austrália.

Em maio de 1975, Michelle Bachelet foi para a Alemanha Oriental, onde prosseguiu seus estudos de Medicina. Bachelet voltou ao Chile em fevereiro de 1979 mas seu trabalho na Alemanha Oriental não foi reconhecido oficialmente pela ditadura miltar chilena.

No final da ditadura militar, ela entrou para o Ministério da Saúde. Em 2000, tornou-se ministra da Saúde sob a presidência de Ricardo Lagos, no primeiro governo de um socialista desde o golpe de 1973.

Será representada no funeral pela ministra da Defesa.

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